domingo, 18 de dezembro de 2016

Minha segunda grande viagem/lua de mel - 4º parte (Zé Doca/Bacabal)

12/09/87 Saímos do hotel, pedimos alimentos em algumas casas e ganhamos pão, bolachas, melão, bananas e cuscuz com café.

 Seguimos viagem às 8h40min. Comemos cajus na beira da estrada. Os coqueiros de babaçu passaram a predominar na paisagem.

Em Bom Jardim, tomamos banho e almoçamos de graça no Posto Magnólia 08.

Seguindo viagem, passamos por um trecho de uns 10 km ao lado de uma reserva indígena. Ilda ficou com medo. Passamos a ponte sobre o Rio Pindaré e entramos em Santa Inês às 15h10min. Ficamos por um tempo na praça junto à igreja.

Depois, fomos pedir lugar para pernoitar em duas residências, mas só conseguimos no Hotel Amazonas.

Ao anoitecer, pedimos alimentos em algumas casas e ganhamos pão, suco de laranja, melancia e 17 cruzados. 

Tomamos banho na lanchonete anexa a um posto Atlantic.

Voltamos à praça da igreja e de lá seguimos para o Hotel Amazonas, onde guardamos as bicicletas e fomos dormir. Estava muito quente no quarto.


13/09/87 Saímos de Santa Inês às 6 horas.Fazendas dos dois lados, subidas e descidas suaves, vento lateral, andamos com um  bom ritmo por umas duas horas e meia.

Daí em diante, Ilda começou a reclamar de dores na “poupança” (outra vez).

Com ritmo mais lento, entramos em Andirobal. Conversamos um pouco com alguns curiosos que nos abordaram na entrada do povoado. Pedimos alimentos numa casa e ganhamos farinha. Pedimos em mais duas casas e não ganhamos nada.

 Às onze e pouco, chegamos a um posto de gasolina em Zé Chicão, onde tomamos banho. Pedimos comida ao dono do restaurante que disse ser o próprio Zé Chicão e fizemos uma excelente refeição.

Por volta das 17 horas entramos na cidade de Bacabal. Pedimos alimentos em algumas casas e ganhamos pão, bolachas, bananas e laranjas.

Fomos até a agência dos correios procurar pelo Sr. Paulo, o gerente, parente de uma ex-colega de trabalho (a Lucélia). Lá o encontrando, soubemos que morava no mesmo prédio, no pavimento superior. Falamos com ele e sua esposa Antonieta e combinamos voltar mais tarde para dormir, o que aconteceu depois de eu e a Ilda darmos mais umas andadas pela cidade.


Como na noite anterior, estava muito quente.

domingo, 27 de novembro de 2016

Minha segunda grande viagem/lua de mel - 3ª parte (Gurupi/Zé Doca)

10/09/87. Saímos do hotelzinho às 4 horas da madrugada. Atravessamos a ponte sobre o rio Gurupi e entramos no Maranhão.

Logo nos primeiros quilômetros, Ilda falou que sentia dores na “poupança”. Por conta disso, reduzimos o ritmo e fizemos várias paradas.

Na beira da estrada, fazendas. Logo no início do dia, encontramos um rapaz carregando umas garrafas de leite numa bicicleta. Comprei e tomei uma. Meia hora depois tive uma diarreia repentina  Larguei a bicicleta às pressas no acostamento e desci o barranco...

Comemos muitos cajus e tomamos banho em igarapés e postos de gasolina. Fizemos paradas demoradas em Maracaçumé e Encruzo.

Às 17h10min entramos numa vila chamada Santa Tereza do Paruá. Andamos um pouco e fomos ao Hotel do Povo, mas não havia quartos vagos.

No início da noite passou uma grande boiada pelo meio da vila e todas as pessoas tiveram de sair da rua.

Fomos convidados para dormir numa casa ao lado do hotel.
Tomamos banho, nos instalamos no quarto, fomos jantar no hotel e voltamos para dormir às 20 horas.

11/09/87. Levantamos cedo, tomamos café c conversamos bastante com o dono da casa, Sr.Antônio Leonardo.

Saímos às 7h15min. Passamos por mais fazendas, comemos muitos cajus e tomamos banhos em igarapés, sendo que num deles podiam ser vistos centenas de peixinhos.

Ilda continuava com dores na “poupança”.

Em Santa Luzia do Paruá lanchamos. Em Nova Olinda, compramos um pacote de macarrão e pedimos para uma senhora cozinhar na casa dela, sendo que ela permitiu que Ilda cozinhasse.

Quando escureceu, chegamos a um povoado (Cocalinho) e pedimos água num posto de gasolina. Continuamos, no escuro, mais 10 km, até Zé Doca, aonde chegamos às 19h15min.


Sentamos num banco na praça em frente à igreja e depois fomos ao Hotel do Povo, onde nos instalamos, tomamos banho e fomos dormir. Ilda dormiu logo e eu atualizei o diário e comi algumas bolachas.

domingo, 20 de novembro de 2016

Minha segunda grande viagem/lua de mel - 2ª parte (Belém-PA/Gurupi-MA)

06/09/87 Às dez horas da manhã, depois de nos despedirmos de várias pessoas na casa de Dona Albanise, saímos pelas Avenidas Senador Lemos e Pedro Álvares Cabral até chegarmos na BR-316 (6 km).

Depois, com muito tempo disponível, seguimos até Castanhal (65 km)l. Paramos várias vezes para descansar. Com a comida que trouxemos junto, almoçamos no km 39, na sombra de uma árvore. Noutro ponto, comemos araçás e jurubebas que a Ilda viu na beira da estrada.

Bebemos muita água que levamos em frascos usados de álcool e vinagre (não existiam garrafas pet).

Em Americano, tomei um banho no chuveiro de um posto de gasolina.

Entramos em Castanhal e fomos ate o terminal rodoviário esperar Dona Raimunda e crianças que estavam viajando para Marudá.

Às 17h55min Ilda conversou com elas. O ônibus foi para Marudá e nós fomos para a casa de Dona Oscarina, onde nos alojamos. Depois de tomar banho, jantar e conversar, fomos dormir pouco antes das 21 horas.




07/09/87 Levantamos cedo, tomamos café, agradecemos e nos despedimos de Dona Oscarina às 6h15min.

Saímos pela BR no rumo de Capanema, contra o vento. Tendo andado uns 20 km, Seu José, de moto, nos encontrou num posto de gasolina. Conversamos um pouco e ele nos deu mil cruzados para gastar. Comemos algumas carambolas que Dona Oscarina havia dado, além de cajus e jambos em árvores na beira da estrada.

Ilda estava reclamando muito do sol quente. Entramos em Nova Timboteua e visitamos a família de Clodoveu e Marisete. Se não me falha a memória, alguém estava de aniversário por lá.  Almoçamos e saímos às 16h33min.

Passamos por Peixe-Boi, e, em Capanema, procuramos a casa de Dona Maria, mãe do Seu José e irmã de Dona Oscarina. Como no dia anterior, tomamos banho, jantamos, conversamos e fomos dormir antes das 21 horas.




08/09/87 Passamos o dia descansando na casa de Dona Maria.
Aproveitei para comprar pedais novos para a minha bicicleta e despachar correspondência no correio. Depois do almoço, Conceição foi com Ilda comprar carne para nó comermos no caminho.
Fomos dormir, novamente antes das 21 horas.

09/09/87 Levantamos cedo, tomamos café e nos despedimos às 5h57min, levando carne e farinha para comer. 80km de subidas e descidas mais uns 50 km de estrada meio plana.

Uma cidade a 50 km de Capanema (Santa Luzia do Pará) e alguns povoados. Na beira da estrada, fazendas.

Comemos goiabas e cajus, tomamos banhos em igarapés e num posto de gasolina em Santa Luzia e pedimos água numa vila chamada ”83”. Chegamos à divisa Pará/Maranhão às 18:30.


Antes de atravessar a ponte, jantamos dois PF (prato feito) num  restaurante e pernoitamos num hotelzinho anexo a um posto de gasolina. 

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Minha segunda grande viagem/lua de mel (1ª parte)

Eu e a Ilda estávamos namorando por um bom tempo e tudo indicava que iríamos dividir o mesmo teto.

Certo dia, conversando sobre isto, falei a ela que eu não conseguia parar de sonhar com outra grande viagem (sonho com isto até hoje) e que isto seria um obstáculo para casar.

Em outras palavras, eu acreditava que, para casar, eu teria que desistir de viajar (e vice-versa).

A Ilda, no entanto, disse que poderia casar e viajar comigo!

Assim sendo, marcamos o casamento para uma data mais próxima do final do ano, para não passar frio.


A lua de mel foi a minha segunda grande viagem.




Na foto, poucos dias antes do casamento, com as bicicletas (a minha bicicleta, a mesma da primeira grande viagem, é a que está com a Ilda.

Toda a bagagem foi dentro destas duas caixinhas de madeira. A viagem durou 83 dias.

domingo, 13 de novembro de 2016

Passeio no calor

Hoje, depois de comer uns 400 g de feijão+arroz (baião de dois), eu fui andar na Alça Viária com aquela bicicleta que tem a traseira reduzida.

Saí de casa às 12h37min, sol a pino.

 Desde menino sou acostumado a andar no sol e me considero muito resistente.  Já andei no Tocantins em setembro sem nenhum caminhão na Belém-Brasília no horário do almoço (deve ser para poupar os pneus). Temperatura alta combinada com baixa umidade do ar. Bebia água a cada subida.  Gosto de andar no calor, quando sinto aquele calor que vem do asfalto, embora o desempenho não seja bom.

Hoje, no entanto, o calor incomodou. Apesar de estar andando sem esforço, usando a relação 38x19, cheguei a sentir uma leve tontura ao parar para beber água (pressão baixa). Quando isto acontece, procuro continuar andando com o mínimo de esforço (uns 20% a menos que o normal).
A diferença do calor daqui é a umidade alta (um agravante para o rendimento físico).


Eu queria andar 60 km, mas acabei reduzindo para 50 km, que percorri em exatas 3horas e 20 minutos (média 15 km/hora). Consumi 1,7 litros de água com sal e 9 bolachas Maria.

domingo, 30 de outubro de 2016

Encurtando distância entre eixos

Um cliente meu não quis mais ficar com uma bicicleta e eu a comprei por 80 reais.

Quadro de Caloi Poti.

Fui até uma  oficina de grades e pedi para colocar uma gancheira mais próxima do eixo central (um pedaço de barra chata soldado no quadro). O serviço custou 15 reais (eu paguei 20).

O resultado de diminuir a distância entre os eixos traseiro e central apareceu no desempenho da bicicleta na aceleração e nas subidas. No plano, quase não notei diferença. 

A distância diminuiu de 48 para 42 cm.


Já tive  outra bicicleta do mesmo modelo com distância entre eixos de 39 cm, e, por coincidência. a que teve os melhores desempenhos na estrada.








O gaúcho da bicicletaA outra, entre eixos = 39 cm



quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Passeio 170 km (km 22 da estrada de Curuçá)

Ontem à noite voltei pra casa e cheguei cansado do trabalho. Contudo, resolvi andar na estrada hoje. Levantei com preguiça e saí de casa às 7h25min. Passei no mercadinho da esquina e comprei o combustível (bolacha Maria).

Segui pela BR rumo a Castanhal. Sempre num ritmo confortável (14/15 km por hora). Suportei melhor do que de costume o barulho do trânsito.

Depois de três horas e tanto pedalando, tive aquela sensação de fôlego que durou até o fim do passeio.

Passei por Castanhal e fui, pela estrada de Curuçá, até o km 22.

O retorno pareceu mais fácil, mas fiquei muito bravo por ter de disputar o acostamento por 18 km com dezenas de motoristas que chamei bem alto de “pateta” e alguns de “filho da ....”.

Cheguei às 19h11min. 170 km em 11h46min e consumo de 4,5 litros de água e 36 bolachas Maria (nos últimos 22 km eu estava muito incomodado com o trânsito e não fiz duas paradas previstas para beber água e comer bolachas).

Estou um pouco cansado, mas, ao contrário de ontem, o cansaço é confortável.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Passeio Alça Viária

Hoje, feriado, eu fui andar um pouco na estrada e escolhi a Alça Viária. 

Com trânsito menos intenso que na BR e bom acostamento, andei com marchas leves e na zona de conforto respiratório.

 Fui até o km 46,5, onde começa a perna sul, e voltei para casa, completando 103 km em 7 horas. 

O consumo? 3,5 litros de água e 23 bolachas maria. 

Minha primeira grande viagem (Nova Timboteua/Belém) (40ª e última parte)

26/05/1984  Acordei ao clarear o dia e fui até a sala. Atualizei o diário. Ana, a menina que trabalhava na casa, chegou. O resto da família foi levantando e aparecendo.

 Tomamos café, bati uma foto, me despedi e segui viagem. Eram 8 horas da manhã. Clodoveu me deu, ainda, cinco mil cruzeiros “para fazer um lanche”.

 Eram os últimos 140 km da viagem iniciada em dezembro/83. Passei por algumas fazendas, uma plantação de mamão.

 Passei por Castanhal. Uns 10 km depois bebi água num posto de gasolina. Depois, umas plantações de cacau, uma de “pinus elliottis” e muito mato. O trânsito foi ficando mais intenso.

 Passei por Santa Isabel do Pará. Eu estava eufórico e cantarolava o tempo todo. A 26 km de Belém, começou a chover muito forte e eu vim pelo acostamento alagado e cheio de buracos.

A 12 km de Belém, num campo de futebol que ficava ao lado de uma empresa chamada Guatapará, pediram para que eu jogasse no time, pois alguns atletas não haviam chegado. Participei do aquecimento, e, em menos de dez minutos, chegaram os outros jogadores.


 Não sendo mais necessária a minha presença, segui até Belém, onde cheguei às 16 horas. Estava concluída a viagem e realizada a fantasia.

domingo, 28 de agosto de 2016

Minha primeira grande viagem (Capanema/Nova Timboteua) (39ª parte)

24/05/84 Levantei ao amanhecer e segui viagem. O asfalto era cheio de buracos. Passei por uma cidadezinha chamada Peixe Boi e segui até Nova Timboteua.

Lá chegando, procurei por Clodoveu, na Emater.

 Depois, na casa dele, um banho e café da manhã com pão e pupunha.

Lavei minha roupa e fiquei pela casa. Almocei com a família: Clodoveu, Marisete (esposa), Verena (filha) e Ana.

 À tarde, Clodoveu e Marisete foram trabalhar; ele, na Emater e ela na Cosanpa. Fiquei no sofá assistindo TV.

Clodoveu chegou e foi comigo ao sítio. Caminhamos um pouco pelas plantações de limão e pimenta. Ensacamos 600 limões que um empregado havia colhido e voltamos para a cidade.

Ficamos um pouco na sala e Clodoveu ficou lendo um livro “As melhores histórias reais de crime, mistério e suspense”. Eu fiquei bisbilhotando alguns volumes de enciclopédias. Jantamos. Marisete havia preparado macarrão. Não sobrou nada.

Voltamos à sala. Chegaram alguns parentes. Depois que foram embora, dois rapazes ficaram para assistir Vasco x Fluminense na TV. Clodoveu havia preparado algumas caipirinhas, sendo que a minha ficou pela metade. Depois do jogo, os rapazes foram embora e nós fomos dormir.


25/05/84 Levantei por volta das sete horas. Minha roupa ainda  estava úmida (muita chuva). Depois do café, Clodoveu foi a Capanema, Marisete à Cosanpa, e Ana saiu com Verena.

Pendurei a roupa ao sol e fui dar umas voltas pela cidade. Numa oficina pedi para ajustar o eixo central.

 Fui à Cosanpa e fiquei com Marisete até o meio-dia. Depois do almoço, tirei uma soneca.

 À tardinha, fui até a Emater. Saí com Clodoveu e fomos até o barzinho dele, onde o pessoal jogava bilharito e conversava animadamente. Fiquei lá por alguns minutos.


 Voltei para a casa e Clodoveu ficou tomando conta do bar. Quando sentamos à mesa para jantar, Clodoveu chegou. Depois, arrumei minhas coisas, assisti um pouco de TV e fui dormir.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Passeio Benevides/Santa Isabel)

Hoje, feriado, saí às 9 horas para dar um passeio. 

Eu queria ir até Castanhal, mas, incomodado com o movimento na BR, entrei em Benevides. Andei por umas ruas desconhecidas e me perdi. Depois de pedir orientação a umas cinco ou seis pessoas, consegui achar a saída para o caminho da zona rural que vai para Caraparu.

Vi muitas hortas onde antes não havia nada. 

Tentei encontrar um caminho novo para Santa Isabel mas não acertei. sendo que fiz a volta lá pela entrada de Caraparu via PA-140.

Chegando a Santa Isabel, resolvi encontrar por lá um caminho para Benevides sem passar pela BR e sem voltar pelo caminho via Caraparu.

Alguns mototaxistas falaram que havia um caminho lá pelo bairro Novo Horizonte. Fui até lá, perguntei a uns 3 ou 4 moradores. Recebendo respostas desencontradas e duvidosas, desisti e saí na BR ao lado daquela indústria de frangos no km 34.

A parte  do passeio que eu gostei mais foi estar meio perdido.

Num percurso estimado de 80 km, consumi 26 bolachas maria e 2,4 litros de água em seis horas e doze minutos.

domingo, 14 de agosto de 2016

Minha primeira grande viagem (Nova Olinda-MA/Capanema-PA) (38ª parte)

22/05/84 Levantei às 6h15min. Seguindo viagem, vi fazendas. Encontrei dois mil cruzeiros no acostamento.

 Entrei em Santa Luzia do Paruá. Num pequeno comércio me empanturrei com bolo de tapioca, canjica e pão com carne moída ao custo de mil cruzeiros.

A estrada tornou-se plana e com excelente pavimentação. Durante uns 20 km, os coqueiros de babaçu voltaram a dominar a vegetação. Passei por Presidente Médici e Maranhãozinho.

 Em Encruzo, tomei banho num posto de gasolina.

 Em Maracaçumé, num restaurante, pedi alimento e ganhei arroz com galinha e água mineral. Estava chovendo intensamente, sendo que só continuei depois da chuva passar.

Entrei em Gurupi no final do dia. Comprei 500 g de macarrão e pedi para cozinharem no restaurante dos viajantes, onde ainda ganhei café. Fiquei conversando com o dono do restaurante e ele me indicou um hotel do outro lado do rio.

 Atravessei a ponte e com 2.500 cruzeiros, dormi numa rede, já no Estado do Pará.


23/05/84 Acordei às 6 horas e segui viagem. Por mais ou menos 20 km a estrada era só com subidas suaves.

 Depois, com mais uns 25 km, vi umas goiabeiras e parei para comer. Quase todas bichadas.

Depois de passar por alguns povoados, cheguei a Santa Luzia do Pará. Comprei um pacote de Vitamilho, tentei comer in natura, mas não deu certo. Comprei um pacote de bolachas salgadas e saí comendo e pedalando. Andei na chuva por alguns trechos.

 A 6 km de Capanema, descansei um pouco num posto da Polícia Rodoviária.  Entrei em Capanema às 16 horas. Estava sentindo enjoo. Deitei no chão em frente à igreja católica. Não tendo melhorado, comprei dois envelopes de Estomazil numa farmácia e tomei, junto com um comprimido de Sonrisal, na sorveteria Brasa Fria.


 Fiquei um tempo lá e fui à Delegacia combinar o pernoite. Depois, de volta à sorveteria, tomei quatro copos de leite. Em seguida, na Delegacia, conversei um pouco com um rapaz que estava aguardando carona para São Luís. Recusei usar uma rede que ofereceram e fui dormir no chão de uma cela.

domingo, 7 de agosto de 2016

Minha primeira grande viagem (Bom Jardim/Nova Olinda) (37ª parte)

21/05/84  Levantei ao amanhecer. Segui viagem. Passei por  Governador Newton Bello e Roselândia.

 Depois de um banho de chuva, entrei em Zé Doca. Andei um pouco pela cidade, pedi alimentos numa casa e ganhei bananas. Em outra casa, um copo de leite e 400 cruzeiros. Ao ser surpreendido por uma forte chuva, me abriguei numa cobertura de um comércio. O alto-falante de uma loja tocava músicas de carimbó. Depois da chuva, fui pedir mais alimentos. Ganhei bolo, bananas, bolachas, guaraná e 300 cruzeiros.

 Seguindo viagem, passei por Josias, Cocalinho e 3 Satubas. Os coqueiros de babaçu foram desaparecendo pouco a pouco e surgiam árvores mais altas.

 Cheguei a Araguanã, uma vila muito pobre. Um automóvel Opala andava em alta velocidade na rodovia fazendo zigue-zague. Havia um pequeno parque de diversões. Não gostei do lugar e passei direto.

 No caminho, encontrei outro ciclista em uma monareta e o acompanhei até Nova Olinda. Despachei um aerograma no correio. Comprei um pacote de macarrão e fui a um restaurante pedir para cozinharem. Depois de comer, ao anoitecer, fui à delegacia de polícia e não consegui pernoite.


Voltei ao restaurante e fiquei conversando com algumas pessoas, sendo que um homem que estava lá jantando pagou o pernoite para mim no hotel que funcionava junto ao restaurante.

domingo, 17 de julho de 2016

Minha primeira grande viagem (Pedro Barros\São Paulo) (6ª parte)

20\12\83. Quando acordei, a cidade estava deserta. Olhei para o céu. Vi as nuvens e o horizonte.  Calculei que não tardaria a amanhecer. Peguei a bicicleta e segui viagem.  Começou a chover muito forte. Fiquei encharcado.  Andei uma meia hora e cheguei a um posto de gasolina. Entrei no restaurante que havia ao lado, comprei um saquinho de bananada com mil cruzeiros. Perguntei as horas e me surpreendi: faltavam cinco minutos para a uma hora da madrugada.

 Pus-me a comer a bananada e atualizei o diário.  Dei umas cochiladas. Levantei. Comi um pastel, um ovo cozido e tomei dois copos de leite com 650 cruzeiros. Eram cinco horas. O dia estava clareando e segui viagem.  Céu nublado.  Subi a serra cheia de curvas.  Agarrei-me em vários caminhões. O último, um FNM (fenemê), andava tão devagar que, nas descidas, eu era mais rápido.

 Na entrada de Itapecerica da Serra, parei num posto de gasolina.  Havia um vento muito forte,  contra o meu deslocamento. Conversei um pouco com um rapaz que estava ali.  Ele trabalhava como chapa. Passou-me todas as dicas para encontrar a Rua Teixeira da Silva, sendo que cheguei lá como se fosse um morador daquela imensa cidade.  Dei a ele o boné que havia ganho de Hideaki,  e minha lona plástica,  pois concluí ser de pouca utilidade.  

Segui viagem.  Faltavam menos de 30 km até  São Paulo.  Quando passava por uma  outra cidadezinha,  caiu uma chuva muito forte e fria.  Fiz  questão de tomar aquele banho.  Não me preocupei com os efeitos da água sobre as engrenagens da bicicleta.

 Entrando em São Paulo,  outro banho de chuva.  Furou o pneu traseiro.  Procurei uma oficina.  Eu ainda tinha dois mil cruzeiros.  Chegando lá, o mecânico, sobrecarregado, indicou-me outra oficina ali perto.  Fui lá, e, desta vez, aceitaram o trabalho.  Não era um furo.  Eram três. O mecânico disse que  era impossível  remendar três furos tão próximos um do outro.  Uma câmara nova custava dois  mil cruzeiros!  Estava resolvido o problema.

 Localizei novamente o caminho até a residência de Ruben, meu parente, onde pretendia me hospedar.  Eu tinha perdido o endereço, provavelmente em Registro, na casa do Sr. Hideaki.  Mesmo assim, eu não esqueci que era na Rua Teixeira da Silva, entre Alameda Santos e Avenida Paulista. 

 Chegando lá, debaixo de chuva, consultei um catálogo telefônico numa loja próxima, sendo que o nome dele não constava na lista.  Na quadra onde ele morava  havia poucos edifícios. Passei na portaria de um,  perguntei  pelo nome e acertei.Ruben havia chegado do trabalho momentos antes.Desceu com suas duas crianças e me recebeu.  Guardei a bicicleta na garagem e subimos.  Tomei um banho e jantamos. Após o jantar, ficamos na cozinha.  Bebemos um pouco de cerveja e conversamos. Por volta das 22 horas, fomos dormir.


Fiquei no apartamento até o dia 26\12. Descansei bastante, visitei alguns conhecidos e dei umas voltas pela cidade onde encontrei bem menos bicicletas do que imaginava.
 Na véspera do Natal, ganhei a camisa que usei nesta foto no Parque Ibirapuera.




Minha primeira grande viagem (Divisa PR\SP - Pedro Barros) (5ª Parte)

18\12\83. Levantei e, sem ter o que comer, segui viagem.  Senti o corpo cansado.  Encontrei uma espiga com alguns grãos de milho cozido no acostamento e comi.  Depois, mais um meio pacote de bolachinhas salgadas também serviu como  ¨combustível¨.  Andei uns 15 km e parei num posto de gasolina.

 A cidade mais próxima, Cajati, ficava a 60 km de distância. Fraco e com fome, eu não tinha disposição para andar mais umas 5 ou 6 horas em estrada de serra. Consegui carona com um caminhão da empresa União até Registro, a 110 km. Estando a 20 km de Registro, encontramos um caminhão tombado. Era de um colega da empresa União.  Descemos e fomos  dar  uma olhada.  O motorista deu uma olhada para dentro da cabine.  No estado em que ficou o caminhão, o colega poderia ter morrido.  Entretanto, João de Deus, o  motorista  do caminhão  tombado, apareceu do outro lado do caminhão.  Estava intacto.  Havia tombado o caminhão à meia-noite.  Tinha dormido na direção.  Ficara ali para  proteger  a carga  contra  ladrões.  Seguimos  viagem e  desci  em  Registro.  O  caminhão  seguiu rumo a São Paulo,  sendo  que  o motorista me deu 200 cruzeiros e desejou boa sorte.

 Entrei na cidade. Segui por uma rua que margeava o rio.  Passei numas  casas.  Ganhei pão, leite e duas laranjas.  Consumi pão e leite. Fui a um posto de gasolina.  Comi as laranjas.  Foi noutra casa.  Tomei suco de laranja e comi pão com carne. Em outra,  pão com manteiga.  Tendo enganado o estômago provisoriamente, procurei uma praça para descansar. Entrei no prédio da Telesp e, enquanto descansava, atualizei o diário. Telefonei para mamãe. Permaneci ainda na Telesp conversando com uma senhora e depois fui procurar algumas casas para pedir mais alimentos. Caiu uma forte chuva. Abriguei-me numa garagem que ficava ao lado de um estádio de futebol. 

Tendo passado a chuva, cheguei a uma casa cujo portão estava trancado. Vi uma pessoa na sala, deitada  num  sofá.  Bati palmas.  A pessoa que estava no sofá levantou e pedi algo para comer. Era o Sr. Hideaki Uematsu.  Ele trouxe para mim um pacote de bolachas.  Disse achar estranho eu estar fazendo uma viagem tão longa, pois a minha bicicleta não era preparada e eu não usava mochila. Prontamente,  expliquei as razões de andar daquele jeito e mostrei o exemplar do jornal Folha do Mate que havia divulgado a minha aventura.  Ele me convidou para entrar e comer inhoque.  Eram quase 16 horas.  Entrei.  Enquanto conversávamos, comi  inhoque, salada, carne, feijão, arroz.  Havia dois pauzinhos na salada, mas ganhei garfo e faca para me servir.  Após terminar a refeição, o Sr. Hideaki ainda serviu melancia.  Sugeriu colocar sal na melancia.  Ele era de opinião que o sal acentua o gosto. Fiz a experiência. Era gostoso, mas preferi comer sem sal. Eu estava querendo sair e dar umas voltas pela cidade, para não abusar da hospitalidade do Sr. Hideaki, mas ele me convidou  ainda para assistir Fluminense x Corinthians pela televisão. Fiquei. Enquanto o jogo ia se desenrolando, continuamos a conversar. Ele leu uma parte do meu diário e sugeriu que eu anotasse os aspectos pitorescos da viagem. Explicou que sentiu o texto monótono e que os fatos pitorescos melhorariam, já que eu tencionava escrever um livro. Na sala também participava da conversa sua esposa, Mitiko. 

Mais tarde, chegaram suas duas filhas, Elaine e Carla. Tomei um banho, fomos a um restaurante oriental jantar, andamos um pouco de carro pela cidade e voltamos à casa por volta das 23 horas. Elaine pretendia estudar psicologia.  Em seguida, fomos dormir. Eu não estava com sono, mas já era tarde. 


19\12\83. Dormi bem e levantei cedo. Fui do quarto  à sala, sem barulho, e atualizei  o  diário enquanto esperava o pessoal levantar.  A família  levantou.  Tomamos o café da manhã. Entramos no carro. A família ia trabalhar. Deixamos Hideaki no DNER e fomos à loja da Sra.Mitiko.  Elaine e Carla trabalhavam na loja de brinquedos e artigos de bazar que ficava na principal  rua da cidade. Permaneci um pouco na loja observando o movimento.

Depois, voltei à casa, peguei a bicicleta e fui ao jornal Tribuna da Ribeira, onde dei reportagem. Fui entrevistado por uma repórter muito simpática.  Depois, dei umas voltas pela cidade. Voltei à loja e fiquei por lá até o meio-dia, quando fomos almoçar. 

Após o almoço, arrumei minhas coisas para seguir viagem. Na bagagem eu levava as bolachas, pedaços de pizza e duas latas de coca-cola, que Hideaki me dera, além de um boné e 2.500 cruzeiros.  Hideaki, Elaine e Carla me acompanharam até a rua. Apertei  a mão de Hideaki. Senti que ia chorar. Controlei-me e parti. 

Quando dobrei a esquina, deixei a emoção acontecer. Andei uns 20 minutos chorando. A estrada era muito boa. Havia um sol quente e um vento gostoso que vinha da esquerda. 

Ao anoitecer, cheguei a Pedro Barros, uma cidadezinha de uns 1000 habitantes. Ao lado de uma pracinha, com dois bancos e duas árvores, vi dois garotos batendo bola. Um chutava e outro, que se dizia ser Solito, o goleiro do Fantástico, fazia piruetas e imitava os grandes goleiros, ao mesmo tempo em que narrava os lances.

 Enquanto eu observava a cena que muitas vezes vivi na minha infância, um senhor perguntou o que é que eu tinha na caixa para vender.  Contei a ele da minha aventura.  Ele falou que conhece Porto Alegre e me deu mil cruzeiros. Comi os pedaços de pizza. Chutei umas bolas com o Solito no gol. Consegui fazer uns 3 ou 4 gols. O outro garoto, Laércio, deu umas voltas com a minha bicicleta. Tomei uma latinha de coca-cola e atualizei o meu diário enquanto falava um pouco com meia dúzia de garotos que apareceram de bicicleta. Acho que representavam a classe dos ciclistas de Pedro Barros. Comi mais umas bolachas, tomei  a outra coca-cola.

 Um rapaz, filho do guarda da estação ferroviária, me indicou um barraco desocupado, no qual eu poderia passar a noite. Fui até lá com ele. Passamos por uns bares onde só havia homens. Jogavam sinuca e conversavam animadamente.  Vi algumas camisas do Corinthians.  Cheguei ao barraco e entrei com a bicicleta sem ser notado. Vesti uma calça e deitei no chão de madeira, todo empoeirado.  Ouvi os garotos passarem de bicicleta.  Estavam à minha procura.  Adormeci.



Minha primeira grande viagem (Joinville\Divisa PR\SP) (4ª parte)

14\12\83. Acordei pouco depois das oito horas. Levantei, peguei a bicicleta. Não encontrei ninguém no hotel. Segui viagem. Eu sabia que esta seria uma viagem difícil. Eu tentaria ir até Curitiba,  130 km, e teria de subir uma serra. O céu estava limpo e o sol prometia muito calor.  Tendo andado uns 40km, conversei com duas senhoras que pararam na beira da estrada para trocar um pneu do carro. Elas disseram que eram videntes, mãe e filha. Mais adiante, encontrei outro carro parado. Era um casal. O motor estava muito quente. Segui viagem. Comecei a subir a serra. No caminho, a senhora do segundo carro me deu um pacote de fritas.  Agarrei   um caminhão Mercedes 1113 cheio de tijolos que rastejava roncando e bufando serra acima.  Quando terminou a subida e engatou a 3ª. marcha,  soltei. Meu braço esquerdo doía e os dedos menores da mão direita ficaram dormentes.  Parei num posto de gasolina e comi as fritas. Estava a 62 km de Curitiba e já eram 14:40. A estrada continuou num sobe-e-desce, eu pedalava  pouco e caminhava muito. Vi  uma aranha preta, peluda, de uns 15 cm de diâmetro. Ela passeava elegantemente no acostamento.  Tinha a bunda vermelha e, quando percebeu minha presença, fugiu por entre as macegas. Cheguei a Curitiba à noite.  Soprava um vento frio. Fui a uma padaria. Eu ainda tinha 1300 cruzeiros para gastar. Comprei 2 sonhos e 2 copos de leite. Em seguida, procurei o edifício onde morava um amigo da minha irmã, Geraldo Augusto Staub.  Lá chegando, falei com o porteiro e soube que Geraldo não estava em casa, mas que voltaria muito provavelmente. Fui até uma lancheria  e gastei os 600 cruzeiros que me restavam em 2 espetinhos com pedaços de carne. Voltei ao edifício. Comecei a atualizar o diário, quando Geraldo chegou, acompanhado de uma amiga, a qual estava grávida. Guardei a bicicleta na garagem, subimos até o apartamento, conversamos um pouco e fomos ao apartamento da amiga de Geraldo. Lá, jantamos. Tomamos chimarrão. Conversamos mais um pouco. Eu e Geraldo voltamos ao apartamento e fomos dormir.

15\12\83. Levantei por volta das oito horas. Geraldo ainda dormia. Ele trabalhava no Banco do Brasil e começava ao meio-dia. Lavei minha roupa. Atualizei o diário. Geraldo levantou, tomou um banho e fomos comprar frutas, carne, pão, ovos e leite. Ele queria que eu ficasse uma semana em Curitiba. Tomamos o café da manhã às dez horas. Em seguida, Geraldo foi trabalhar e eu fui com a bicicleta até a empresa Linck procurar uma colega da minha irmã, Gilmara. Lá chegando, conversei um pouco com ela e, em seguida, ela me colocou o aparelho de telex à disposição para que eu me comunicasse com minha irmã Marta, na Linck de Porto Alegre. ¨Conversamos¨ mais de meio metro de bobina. Em seguida, um colega dela me convidou para ir almoçar. Fomos a um restaurante próximo.  Voltando à Linck, Paulo Cesar começou logo a trabalhar.  Tomei um cafezinho e fui até o pavimento superior. Esperei Gilmara voltar do almoço e fiquei algum tempo desfrutando da agradável  presença dela. Em seguida, fui embora, tendo antes combinado que voltaria no dia seguinte apanhar um bilhete que Marta havia mandado de P.Alegre via malote. Voltei ao apartamento de Geraldo. Fiz um lanche e atualizei o  diário. Tirei uma soneca. Geraldo chegou às 19 horas.  Acordei.  Fomos ao apartamento da amiga grávida. Geraldo preparou carne moída e massa para nosso jantar. Geraldo e ela conversavam muito sobre assuntos de trabalho. Voltamos para casa às 23 horas  e fomos dormir.

16\12\83. Acordei às sete horas. Tomei um banho. Observei a cidade da janela do apartamento. Um sol todo acanhado tentava aparecer por entre as nuvens. Num terreno em frente, algumas pessoas jogavam tênis num clube. Escrevi aerogramas para Alceu, mamãe e Sandra.  Às 10 horas, Geraldo levantou. Fiquei cantando para passar o tempo. Às 11 horas Geraldo foi trabalhar e eu fui até a Linck.  Gilmara me entregou um envelope contendo um bilhete de Marta e um de mamãe. Em seguida, Gilmara e eu fomos fazer um lanche. Conversamos um pouco e voltamos à Linck.  Gilmara  começou a trabalhar. Tirei fotocópias do meu diário e pedi a Gilmara para enviar a Marta.  Permaneci no escritório por mais algum tempo. Depois, fui até o terminal rodoferroviário, despachei os aerogramas e retornei ao  apartamento. Fiz um lanche e descansei. Não tendo nada a fazer, fiquei no apartamento até o outro dia. Dormi bastante.


17\12\83. No outro dia, arrumei minhas coisas e resolvi seguir viagem. Comi duas laranjas, despedi-me de Geraldo. Na caixa eu levava uma lata de salsichas, uma de sardinhas e quatro laranjas. No centro da cidade, numa praça, pedi a um senhor para tirar uma foto.



 Fui até a residência do Sr. Valter Penner, um parente  que eu não conhecia. Cheguei lá, conversamos um pouco. Eu, ele, sua esposa e seu pai. Ele e o pai haviam vindo do trabalho especialmente para me conhecer. Me despedi e, às 11 horas, saí rumo a São Paulo. Muito movimento, muitas curvas e muitas subidas. Foram 100 km percorridos em 8 horas. Na divisa com SP, arranjei pernoite num posto de fiscalização. Dormi das 20 horas às seis da manhã.




Minha primeira grande viagem (Terra de Areia\Paulo Lopes) (2ª parte)

06\12\83.  Tomei  o  rumo  de  Torres,  a  50 km  de  Terra de Areia.  A estrada  ia  serpenteando.  No lado direito, planícies e lagoas; no lado esquerdo, morros cobertos de bananeiras.  Na localidade de Três Cachoeiras, ganhei um pedaço de pão e um copo de leite. Cheguei  a  Torres ao meio-dia. Uma cidade com edifícios, muitos bancos e hotéis.  Notei  muitas  casas  desocupadas.  Na praia havia pouca gente.  Passei num posto de gasolina, tomei um banho, lavei minha camisa,  me  vesti melhor e  fui  pedir  alimentos  em algumas casas. Ganhei pão, leite, bananas, laranjas, queijo, presunto e sardinhas.  Lanchei e fui até a Rádio Maristela, onde dei entrevista. Em seguida, fui ao Jornal de Torres.  O responsável pela edição estava viajando e fiquei conversando com um rapaz que trabalhava no jornal e que, quando cheguei, estava pintando um muro. Falei sobre minha aventura e ele falou de algumas experiências que teve quando prestou serviço militar.  Quando nos despedimos, ele me deu 350 cruzeiros para comprar um rango.  Saí de Torres por volta das 17 horas, com destino a Sombrio. Tendo andado uns 7 km, atravessei o Rio Mampituba, que limita RS e SC. Bem no meio da ponte, cruzei com uma jamanta que vinha em alta velocidade. O vento arrancou o boné da minha cabeça.  O boné caiu no rio. Eu já estava calculando onde conseguir outro boné e, ao olhar para o rio, vi  que a correnteza levava o meu boné lentamente.  Decidi recuperar o boné, que ainda não havia afundado.  Desci por uma estradinha que margeava o rio a toda velocidade. Não dei atenção  às pedras e buracos. A uns 80 metros da ponte, larguei a bicicleta, tirei o tênis e a camisa e me atirei no rio para salvar o boné. Nadei uns 10 metros, peguei o boné e saí do rio.  Pedalei mais uns 30 km por uma estrada arborizada  com eucaliptos e pinheiros e cheguei a Sombrio no início da noite. Dei umas voltas pela cidade. Passei pela pequena estação rodoviária, pelo pequeno prédio da Telesc e pela grande igreja verde e amarela, com uma torre bem alta. Fiz meu jantar com as sobras de Torres.  Tencionava dormir na Brigada Militar. Não havendo Brigada Militar na cidade, fui até a delegacia de polícia. Lá conversei com o delegado e com quatro prisioneiros que estavam na cela. Fui dormir num Chevette que o delegado indicou. Deixei a bicicleta dentro da delegacia. A noite estava muito fria e não consegui dormir muito.

07\12\83. Acordei por volta das cinco horas. Levantei, peguei a bicicleta e fui ao centro para esperar a cidade acordar.Enquanto  a cidade ia  acordando, atualizei o meu diário. Passei numa oficina de bicicletas e conversei um pouco com as pessoas que estavam ali. Em seguida, passei em duas casas. Ganhei bolachas e tomates. Segui viagem rumo a Araranguá, 25 km adiante, onde pretendia passar o dia e a noite na residência de um dos dois  conhecidos meus, Pedro  e Hélio. Eles foram meus colegas de trabalho em Venâncio Aires. Passei na empresa onde eles trabalhavam e encontrei-os. Falei da minha aventura e Hélio me convidou para ficar no seu apartamento. Almoçamos juntos, eu, Hélio e Marilene, sua esposa. À tarde eles foram trabalhar e eu fiquei sozinho. Peguei a bicicleta e fui dar entrevista na Rádio Araranguá e a um colunista do Jornal Tribuna do Vale. Depois, voltei ao apartamento, ouvi uns discos e descansei. À tardinha, Hélio voltou do trabalho e me levou de carro até as praias da cidade (Morro dos Conventos e Arroio do Silva). Durante o passeio conversamos animadamente sobre assuntos variados e tomamos cerveja num bar. Voltamos ao apartamento, tomamos mate doce, jantamos, conversamos mais um pouco e fomos dormir.

08\12183. Levantei às 6:45. Hélio levou Marilene ao trabalho e voltamos ao apartamento. Tomamos café. Às oito horas, peguei a bicicleta e nos despedimos. Tomei o rumo de Tubarão, levando dois super-sanduíches, quatro ovos cozidos, dois bonés novos, uma lata de talco para os pés e mil cruzeiros, que ganhei de Hélio. Quando saí, o céu estava nublado, mas em poucos minutos o sol apareceu e começou a queimar a minha pele. Na beira da estrada vi muitas olarias. Vi também uma grande fazenda que ocupava os dois lados da estrada. Parei em vários postos de gasolina para beber água. À meia-tarde entrei em Tubarão. Tomei um banho num posto de gasolina. Dei umas voltas pela cidade.Fui entrevistado pelo Jornal O Estado. Passei numa casa e ganhei sardinhas. Passei noutra e ganhei bolacha salgada, pão doce e um mamão. Enchi a barriga e, ao por do sol, segui para Laguna. Na saída de Tubarão vi uma grande usina termelétrica. Escureceu. Num certo ponto da estrada percebi que havia uma lagoa muito grande.Pude observar isto porque havia uma porção de luzes amarelas na sua superfície. Passei por uma ponte que atravessava a lagoa. Havia uns trinta pescadores jogando suas tarrafas na água e pegando uns peixes que variavam entre 15 e 30 cm de comprimento. Começou um vento muito forte e frio. Vesti o blusão e tratei de chegar a Laguna. Tendo lá chegado, dei umas voltas pela cidade, comi bolachas e ovos cozidos e fui dormir num banco da Estação Rodoviária. A noite estava fria e não consegui dormir muito.

091283. Acordei às 5:30. Dei umas voltas pela cidade, fui à praia e segui pela beira do mar até Imbituba. Na praia de Itapirubá, resolvi pedir algo para  comer. Enquanto andava numa rua vi duas vacas gordas, uma preta e uma marrom. Passei numa casa e ganhei um sanduíche com uma generosa fatia de queijo e um copo de leite com uma nata bem grossa. Perguntei à dona da casa se o leite e o queijo eram daquelas vacas e ela confirmou. Em seguida, peguei a beira do mar e continuei  calmamente em direção a Imbituba. Vi uma porção de gaivotas que fugiam quando eu me aproximava. Vi, também, uma pequena cobra. Ela media uns 25 cm de comprimento e a largura de um dedo. Ela era xadrez. Preta e amarela.Mais tarde, uma menina me disse que tratava-se de uma cobra dágua,  Chegando a Imbituba, a areia tornou-se preta. É que havia uma usina de carvão na cidade. Procurei o meu ex-colega de trabalho Elton Monteiro de Oliveira.  Encontrei-o na casa da namorada, após aproximadamente uma hora de procura. Ficamos lá conversando um pouco e almoçamos. À tarde, fomos com o sogro dele vender camarão num navio que estava no porto. Havia uma meia dúzia de navios.  Vi também dois navios afundados. Dei meus dois bonés que ganhei em Araranguá e uma camiseta do Jornal Folha do Mate a Elton e cunhado. À tardinha, fui até Paulo Lopes, Uns 10 km antes de Paulo Lopes, começou a chuviscar.  Não aumentei a velocidade. Segui lentamente e cheguei lá sem me molhar. Fui ao centro da cidade. Como estava escuro, não achei conveniente pedir alimentos nas casas. Fui a uma padaria. Pedi um bolo e um litro de leite, mas o dono não me cobrou nada. Fiz meu jantar no balcão. Bebi todo o leite e comi metade do bolo. Conversei com o padeiro, sua filha e um outro garoto, sendo que mais tarde o garoto me conduziu até a delegacia de polícia, onde consegui um pernoite. O delegado estava assistindo um show de Gilberto Gil na televisão. Deitei às 21:30.

Minha primeira grande viagem (Vitória do Mearim/Bom Jardim) (36º parte)

20/05/84 Levantei às sete horas. Segui viagem. Antes de sair da cidade, parei para conversar com um grupo de pessoas que me chamou.

A estrada estava boa e as subidas eram suaves. Passei por alguns pequenos povoados e por algumas fazendas. No entroncamento com a rodovia BR-316, tomei um banho num posto de gasolina. Tomei um comprimido de Sonrisal.

 Entrei em Santa Inês ao meio-dia. Pedi alimentos. Numa casa, ganhei três laranjas; noutra, feijão+arroz+ovos+carne, suco de frutas e bananas. A moça que serviu a comida estava ouvindo músicas muito românticas. Conversou algum tempo comigo e aproveitei o tempo para atualizar o diário. Choveu.

 Depois, agradeci e continuei. O asfalto estava muito ruim, cheio de remendos. Na ponte sobre o Rio Pindaré, fiz uma parada e comi as três laranjas. De um bar flutuante ouvia-se músicas de Raul Seixas.

Passei por uma reserva indígena e algumas fazendas. Tomei banho num posto de gasolina e entrei em Bom Jardim.

Sentei num banco da praça e fui logo abordado por um homem que fez muitas perguntas. Fui pedir alimentos em algumas residências e não consegui nada. Um rapaz ofereceu um cafezinho e conversei um pouco com o pessoal da casa, sendo que fui convidado para jantar mais tarde.

Fui até um posto telefônico e liguei para minha irmã. Voltei a casa e jantei arroz+carne+farinha e assisti Fluminense x Corinthians na TV.


Fui à delegacia de polícia e não consegui pernoite. Deitei no banco em frente ao prédio, mas, não me sentindo seguro, fui a um pequeno hotel e consegui um quartinho com rede por dois mil cruzeiros.