14\12\83. Acordei pouco depois
das oito horas. Levantei, peguei a bicicleta. Não encontrei ninguém no hotel.
Segui viagem. Eu sabia que esta seria uma viagem difícil. Eu tentaria ir até
Curitiba, 130 km, e teria de subir uma
serra. O céu estava limpo e o sol prometia muito calor. Tendo andado uns 40km, conversei com duas senhoras que pararam
na beira da estrada para trocar um pneu do carro. Elas disseram que eram
videntes, mãe e filha. Mais adiante, encontrei outro carro parado. Era um
casal. O motor estava muito quente. Segui viagem. Comecei a subir a serra. No
caminho, a senhora do segundo carro me deu um pacote de fritas. Agarrei um
caminhão Mercedes 1113 cheio de tijolos que rastejava roncando e bufando serra
acima. Quando terminou a subida e
engatou a 3ª. marcha, soltei. Meu braço
esquerdo doía e os dedos menores da mão direita ficaram dormentes. Parei num posto de gasolina e comi as fritas.
Estava a 62 km de Curitiba e já eram 14:40. A estrada continuou num sobe-e-desce,
eu pedalava pouco e caminhava muito.
Vi uma aranha preta, peluda, de uns 15
cm de diâmetro. Ela passeava elegantemente no acostamento. Tinha a bunda vermelha e, quando percebeu
minha presença, fugiu por entre as macegas. Cheguei a Curitiba à noite. Soprava um vento frio. Fui a uma padaria. Eu
ainda tinha 1300 cruzeiros para gastar. Comprei 2 sonhos e 2 copos de leite. Em
seguida, procurei o edifício onde morava um amigo da minha irmã, Geraldo
Augusto Staub. Lá chegando, falei com o
porteiro e soube que Geraldo não estava em casa, mas que voltaria muito
provavelmente. Fui até uma lancheria e
gastei os 600 cruzeiros que me restavam em 2 espetinhos com pedaços de carne.
Voltei ao edifício. Comecei a atualizar o diário, quando Geraldo chegou,
acompanhado de uma amiga, a qual estava grávida. Guardei a bicicleta na
garagem, subimos até o apartamento, conversamos um pouco e fomos ao apartamento
da amiga de Geraldo. Lá, jantamos. Tomamos chimarrão. Conversamos mais um
pouco. Eu e Geraldo voltamos ao apartamento e fomos
dormir.
15\12\83. Levantei por volta das
oito horas. Geraldo ainda dormia. Ele trabalhava no Banco do Brasil e começava
ao meio-dia. Lavei minha roupa. Atualizei o diário. Geraldo levantou, tomou um
banho e fomos comprar frutas, carne, pão, ovos e leite. Ele queria que eu
ficasse uma semana em Curitiba. Tomamos o café da manhã às dez horas. Em
seguida, Geraldo foi trabalhar e eu fui com a bicicleta até a empresa Linck
procurar uma colega da minha irmã, Gilmara. Lá chegando, conversei um pouco com
ela e, em seguida, ela me colocou o aparelho de telex à disposição para que eu
me comunicasse com minha irmã Marta, na Linck de Porto Alegre. ¨Conversamos¨
mais de meio metro de bobina. Em seguida, um colega dela me convidou para ir
almoçar. Fomos a um restaurante próximo. Voltando à Linck, Paulo Cesar começou logo a
trabalhar. Tomei um cafezinho e fui até
o pavimento superior. Esperei Gilmara voltar do almoço e fiquei algum tempo
desfrutando da agradável presença dela.
Em seguida, fui embora, tendo antes combinado que voltaria no dia seguinte
apanhar um bilhete que Marta havia mandado de P.Alegre via malote. Voltei ao
apartamento de Geraldo. Fiz um lanche e atualizei o diário. Tirei uma soneca. Geraldo chegou às 19
horas. Acordei. Fomos ao apartamento da amiga grávida. Geraldo
preparou carne moída e massa para nosso jantar. Geraldo e ela conversavam muito
sobre assuntos de trabalho. Voltamos para casa às 23 horas e fomos dormir.
16\12\83. Acordei às sete horas.
Tomei um banho. Observei a cidade da janela do apartamento. Um sol todo
acanhado tentava aparecer por entre as nuvens. Num terreno em frente, algumas
pessoas jogavam tênis num clube. Escrevi aerogramas para Alceu, mamãe e
Sandra. Às 10 horas, Geraldo levantou.
Fiquei cantando para passar o tempo. Às 11 horas Geraldo foi trabalhar e eu fui
até a Linck. Gilmara me entregou um
envelope contendo um bilhete de Marta e um de mamãe. Em seguida, Gilmara e eu
fomos fazer um lanche. Conversamos um pouco e voltamos à Linck. Gilmara começou a trabalhar. Tirei fotocópias do meu
diário e pedi a Gilmara para enviar a Marta.
Permaneci no escritório por mais algum tempo. Depois, fui até o terminal
rodoferroviário, despachei os aerogramas e retornei ao apartamento. Fiz um lanche e descansei. Não
tendo nada a fazer, fiquei no apartamento até o outro dia. Dormi bastante.
17\12\83. No outro dia, arrumei
minhas coisas e resolvi seguir viagem. Comi duas laranjas, despedi-me de
Geraldo. Na caixa eu levava uma lata de salsichas, uma de sardinhas e quatro
laranjas. No centro da cidade, numa praça, pedi a um senhor para tirar uma
foto.
Fui até a residência do Sr. Valter Penner, um
parente que eu não conhecia. Cheguei lá,
conversamos um pouco. Eu, ele, sua esposa e seu pai. Ele e o pai haviam vindo
do trabalho especialmente para me conhecer. Me despedi e, às 11 horas, saí rumo a São Paulo. Muito movimento, muitas curvas e muitas subidas.
Foram 100 km percorridos em 8 horas. Na divisa com SP, arranjei pernoite num
posto de fiscalização. Dormi das 20 horas às seis da manhã.
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