domingo, 17 de julho de 2016

Minha primeira grande viagem (Joinville\Divisa PR\SP) (4ª parte)

14\12\83. Acordei pouco depois das oito horas. Levantei, peguei a bicicleta. Não encontrei ninguém no hotel. Segui viagem. Eu sabia que esta seria uma viagem difícil. Eu tentaria ir até Curitiba,  130 km, e teria de subir uma serra. O céu estava limpo e o sol prometia muito calor.  Tendo andado uns 40km, conversei com duas senhoras que pararam na beira da estrada para trocar um pneu do carro. Elas disseram que eram videntes, mãe e filha. Mais adiante, encontrei outro carro parado. Era um casal. O motor estava muito quente. Segui viagem. Comecei a subir a serra. No caminho, a senhora do segundo carro me deu um pacote de fritas.  Agarrei   um caminhão Mercedes 1113 cheio de tijolos que rastejava roncando e bufando serra acima.  Quando terminou a subida e engatou a 3ª. marcha,  soltei. Meu braço esquerdo doía e os dedos menores da mão direita ficaram dormentes.  Parei num posto de gasolina e comi as fritas. Estava a 62 km de Curitiba e já eram 14:40. A estrada continuou num sobe-e-desce, eu pedalava  pouco e caminhava muito. Vi  uma aranha preta, peluda, de uns 15 cm de diâmetro. Ela passeava elegantemente no acostamento.  Tinha a bunda vermelha e, quando percebeu minha presença, fugiu por entre as macegas. Cheguei a Curitiba à noite.  Soprava um vento frio. Fui a uma padaria. Eu ainda tinha 1300 cruzeiros para gastar. Comprei 2 sonhos e 2 copos de leite. Em seguida, procurei o edifício onde morava um amigo da minha irmã, Geraldo Augusto Staub.  Lá chegando, falei com o porteiro e soube que Geraldo não estava em casa, mas que voltaria muito provavelmente. Fui até uma lancheria  e gastei os 600 cruzeiros que me restavam em 2 espetinhos com pedaços de carne. Voltei ao edifício. Comecei a atualizar o diário, quando Geraldo chegou, acompanhado de uma amiga, a qual estava grávida. Guardei a bicicleta na garagem, subimos até o apartamento, conversamos um pouco e fomos ao apartamento da amiga de Geraldo. Lá, jantamos. Tomamos chimarrão. Conversamos mais um pouco. Eu e Geraldo voltamos ao apartamento e fomos dormir.

15\12\83. Levantei por volta das oito horas. Geraldo ainda dormia. Ele trabalhava no Banco do Brasil e começava ao meio-dia. Lavei minha roupa. Atualizei o diário. Geraldo levantou, tomou um banho e fomos comprar frutas, carne, pão, ovos e leite. Ele queria que eu ficasse uma semana em Curitiba. Tomamos o café da manhã às dez horas. Em seguida, Geraldo foi trabalhar e eu fui com a bicicleta até a empresa Linck procurar uma colega da minha irmã, Gilmara. Lá chegando, conversei um pouco com ela e, em seguida, ela me colocou o aparelho de telex à disposição para que eu me comunicasse com minha irmã Marta, na Linck de Porto Alegre. ¨Conversamos¨ mais de meio metro de bobina. Em seguida, um colega dela me convidou para ir almoçar. Fomos a um restaurante próximo.  Voltando à Linck, Paulo Cesar começou logo a trabalhar.  Tomei um cafezinho e fui até o pavimento superior. Esperei Gilmara voltar do almoço e fiquei algum tempo desfrutando da agradável  presença dela. Em seguida, fui embora, tendo antes combinado que voltaria no dia seguinte apanhar um bilhete que Marta havia mandado de P.Alegre via malote. Voltei ao apartamento de Geraldo. Fiz um lanche e atualizei o  diário. Tirei uma soneca. Geraldo chegou às 19 horas.  Acordei.  Fomos ao apartamento da amiga grávida. Geraldo preparou carne moída e massa para nosso jantar. Geraldo e ela conversavam muito sobre assuntos de trabalho. Voltamos para casa às 23 horas  e fomos dormir.

16\12\83. Acordei às sete horas. Tomei um banho. Observei a cidade da janela do apartamento. Um sol todo acanhado tentava aparecer por entre as nuvens. Num terreno em frente, algumas pessoas jogavam tênis num clube. Escrevi aerogramas para Alceu, mamãe e Sandra.  Às 10 horas, Geraldo levantou. Fiquei cantando para passar o tempo. Às 11 horas Geraldo foi trabalhar e eu fui até a Linck.  Gilmara me entregou um envelope contendo um bilhete de Marta e um de mamãe. Em seguida, Gilmara e eu fomos fazer um lanche. Conversamos um pouco e voltamos à Linck.  Gilmara  começou a trabalhar. Tirei fotocópias do meu diário e pedi a Gilmara para enviar a Marta.  Permaneci no escritório por mais algum tempo. Depois, fui até o terminal rodoferroviário, despachei os aerogramas e retornei ao  apartamento. Fiz um lanche e descansei. Não tendo nada a fazer, fiquei no apartamento até o outro dia. Dormi bastante.


17\12\83. No outro dia, arrumei minhas coisas e resolvi seguir viagem. Comi duas laranjas, despedi-me de Geraldo. Na caixa eu levava uma lata de salsichas, uma de sardinhas e quatro laranjas. No centro da cidade, numa praça, pedi a um senhor para tirar uma foto.



 Fui até a residência do Sr. Valter Penner, um parente  que eu não conhecia. Cheguei lá, conversamos um pouco. Eu, ele, sua esposa e seu pai. Ele e o pai haviam vindo do trabalho especialmente para me conhecer. Me despedi e, às 11 horas, saí rumo a São Paulo. Muito movimento, muitas curvas e muitas subidas. Foram 100 km percorridos em 8 horas. Na divisa com SP, arranjei pernoite num posto de fiscalização. Dormi das 20 horas às seis da manhã.




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