20\12\83. Quando acordei, a cidade
estava deserta. Olhei para o céu. Vi as nuvens e o horizonte. Calculei que não tardaria a amanhecer. Peguei
a bicicleta e segui viagem. Começou a
chover muito forte. Fiquei encharcado.
Andei uma meia hora e cheguei a um posto de gasolina. Entrei no
restaurante que havia ao lado, comprei um saquinho de bananada com mil
cruzeiros. Perguntei as horas e me surpreendi: faltavam cinco minutos para a
uma hora da madrugada.
Pus-me a comer a bananada e atualizei o
diário. Dei umas cochiladas. Levantei.
Comi um pastel, um ovo cozido e tomei dois copos de leite com 650 cruzeiros.
Eram cinco horas. O dia estava clareando e segui viagem. Céu nublado.
Subi a serra cheia de curvas.
Agarrei-me em vários caminhões. O último, um FNM (fenemê), andava tão
devagar que, nas descidas, eu era mais rápido.
Na entrada de Itapecerica da Serra, parei num
posto de gasolina. Havia um vento muito
forte, contra o meu deslocamento. Conversei
um pouco com um rapaz que estava ali.
Ele trabalhava como chapa. Passou-me todas as dicas para encontrar a Rua
Teixeira da Silva, sendo que cheguei lá como se fosse um morador daquela imensa
cidade. Dei a ele o boné que havia ganho
de Hideaki, e minha lona plástica, pois concluí ser de pouca utilidade.
Segui viagem.
Faltavam menos de 30 km até São
Paulo. Quando passava por uma outra cidadezinha, caiu uma chuva muito forte e fria. Fiz
questão de tomar aquele banho.
Não me preocupei com os efeitos da água sobre as engrenagens da
bicicleta.
Entrando em São Paulo, outro banho de chuva. Furou o pneu traseiro. Procurei uma oficina. Eu ainda tinha dois mil cruzeiros. Chegando lá, o mecânico, sobrecarregado, indicou-me
outra oficina ali perto. Fui lá, e,
desta vez, aceitaram o trabalho. Não era
um furo. Eram três. O mecânico disse
que era impossível remendar três furos tão próximos um do
outro. Uma câmara nova custava dois mil cruzeiros! Estava resolvido o problema.
Localizei novamente o caminho até a residência
de Ruben, meu parente, onde pretendia me hospedar. Eu tinha perdido o endereço, provavelmente em
Registro, na casa do Sr. Hideaki. Mesmo
assim, eu não esqueci que era na Rua Teixeira da Silva, entre Alameda Santos e
Avenida Paulista.
Chegando lá, debaixo de chuva, consultei um catálogo telefônico numa loja
próxima, sendo que o nome dele não constava na lista. Na quadra onde ele morava havia poucos edifícios. Passei na portaria de
um, perguntei pelo nome e acertei.Ruben havia chegado do trabalho momentos
antes.Desceu com suas duas crianças e
me recebeu. Guardei a bicicleta na
garagem e subimos. Tomei um banho e
jantamos. Após o jantar, ficamos na cozinha. Bebemos um pouco de cerveja e conversamos.
Por volta das 22 horas, fomos dormir.

Na véspera do Natal, ganhei a camisa que usei nesta foto no Parque Ibirapuera.
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