domingo, 17 de julho de 2016

Minha primeira grande viagem (Pedro Barros\São Paulo) (6ª parte)

20\12\83. Quando acordei, a cidade estava deserta. Olhei para o céu. Vi as nuvens e o horizonte.  Calculei que não tardaria a amanhecer. Peguei a bicicleta e segui viagem.  Começou a chover muito forte. Fiquei encharcado.  Andei uma meia hora e cheguei a um posto de gasolina. Entrei no restaurante que havia ao lado, comprei um saquinho de bananada com mil cruzeiros. Perguntei as horas e me surpreendi: faltavam cinco minutos para a uma hora da madrugada.

 Pus-me a comer a bananada e atualizei o diário.  Dei umas cochiladas. Levantei. Comi um pastel, um ovo cozido e tomei dois copos de leite com 650 cruzeiros. Eram cinco horas. O dia estava clareando e segui viagem.  Céu nublado.  Subi a serra cheia de curvas.  Agarrei-me em vários caminhões. O último, um FNM (fenemê), andava tão devagar que, nas descidas, eu era mais rápido.

 Na entrada de Itapecerica da Serra, parei num posto de gasolina.  Havia um vento muito forte,  contra o meu deslocamento. Conversei um pouco com um rapaz que estava ali.  Ele trabalhava como chapa. Passou-me todas as dicas para encontrar a Rua Teixeira da Silva, sendo que cheguei lá como se fosse um morador daquela imensa cidade.  Dei a ele o boné que havia ganho de Hideaki,  e minha lona plástica,  pois concluí ser de pouca utilidade.  

Segui viagem.  Faltavam menos de 30 km até  São Paulo.  Quando passava por uma  outra cidadezinha,  caiu uma chuva muito forte e fria.  Fiz  questão de tomar aquele banho.  Não me preocupei com os efeitos da água sobre as engrenagens da bicicleta.

 Entrando em São Paulo,  outro banho de chuva.  Furou o pneu traseiro.  Procurei uma oficina.  Eu ainda tinha dois mil cruzeiros.  Chegando lá, o mecânico, sobrecarregado, indicou-me outra oficina ali perto.  Fui lá, e, desta vez, aceitaram o trabalho.  Não era um furo.  Eram três. O mecânico disse que  era impossível  remendar três furos tão próximos um do outro.  Uma câmara nova custava dois  mil cruzeiros!  Estava resolvido o problema.

 Localizei novamente o caminho até a residência de Ruben, meu parente, onde pretendia me hospedar.  Eu tinha perdido o endereço, provavelmente em Registro, na casa do Sr. Hideaki.  Mesmo assim, eu não esqueci que era na Rua Teixeira da Silva, entre Alameda Santos e Avenida Paulista. 

 Chegando lá, debaixo de chuva, consultei um catálogo telefônico numa loja próxima, sendo que o nome dele não constava na lista.  Na quadra onde ele morava  havia poucos edifícios. Passei na portaria de um,  perguntei  pelo nome e acertei.Ruben havia chegado do trabalho momentos antes.Desceu com suas duas crianças e me recebeu.  Guardei a bicicleta na garagem e subimos.  Tomei um banho e jantamos. Após o jantar, ficamos na cozinha.  Bebemos um pouco de cerveja e conversamos. Por volta das 22 horas, fomos dormir.


Fiquei no apartamento até o dia 26\12. Descansei bastante, visitei alguns conhecidos e dei umas voltas pela cidade onde encontrei bem menos bicicletas do que imaginava.
 Na véspera do Natal, ganhei a camisa que usei nesta foto no Parque Ibirapuera.




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