29\03\84 Acordei às
sete horas. Saí, fui pedir alimentos e ganhei farinha, bananas, pão, roscas e
laranjas. Comi um pouco e fui até Itabuna. No meio do caminho caiu uma forte
chuva. Em Itabuna, procurei catraca maior e encontrei uma de 22 dentes, com a
qual ficou mais confortável pedalar.
Ao meio-dia, passei em
algumas casas e ganhei um prato de comida (feijão, arroz, carne e salada),
bananas e 500 cruzeiros.
Andei um pouco pela
cidade e fui até Ilhéus. Tomei um banho na praia. Bati uma foto na frente de
uma igreja antiga. Ao anoitecer, fui pedir alimentos e ganhei pão, bananas,
laranja, maçã e bolachas.
Depois, fui até a
delegacia regional de polícia. Atualizei o diário, conversei com o pessoal,
tomei um banho e fui autorizado a dormir no banco de uma Kombi.
Chegando a Uruçuca,
andei um pouco e sentei num muro perto do mercado público. Comi as três bananas
que ainda tinha. Passei em algumas casas e ganhei um prato de comida (arroz,
carne, cenoura, chuchu, ovo cozido, abóbora e batata doce), uma manga, um
abacate, bananas, laranjas, limas e mais 200 cruzeiros.
Continuei a viagem.
Andei 9 km e entrei na BR-101. Tomei banho numa fonte. Mais adiante, passei por
duas cidadezinhas separadas por um rio (Aurelino Leal e Ubaitaba). Mais
adiante, numa vila chamada Travessão, dei umas voltas. Depois, fui até
Ibirapitanga, uma cidadezinha que cresceu em cima de morros. Passei em duas
casas e ganhei bolachas. Sentei numa calçada perto da Telebahia, comi as
bolachas, um laranja e duas limas.
Depois, fui até a delegacia. Atualizei o
diário, falei com o sargento e o tenente. Arranjaram uma esteira e um colchão.
A delegacia era um prédio de dois pavimentos: no de baixo, ficavam os presos;
no de cima, os policiais. Deitei e dormi.
31\03\84 Acordei antes
das seis. Os passarinhos iam de lá para cá em suas gaiolas. Um rádio estava
ligado, noticiando um incêndio na igreja da Barroquinha, em Salvador. O
sargento estava levantando. Conversamos um pouco e tomamos café.
Depois, passei por uma
cidadezinha chamada Itamarati. Havia um riozinho cheio de curvas onde estavam
muitas mulheres lavando roupa.
Cheguei a Gandu às
13h30min. Passei em algumas casas e ganhei bananas, laranjas, bolo e um prato
de comida (feijão, farofa, carne e tomates). Andei pela cidade. De repente,
escureceu e caiu um temporal. Abriguei a bicicleta no mercado público e
aproveitei para tomar banho. Comi uma laranja.
Passou o temporal, mas continuou
chovendo. A cidade estava sem energia elétrica e anoiteceu. Fiquei sentado
debaixo de uma cobertura, ao lado de um prédio, e fiquei aguardando.
Quando as luzes da cidade acenderam, procurei
a delegacia. De lá me mandaram até a casa do delegado que, por sua vez,
telefonou para a delegacia autorizando meu pernoite lá. Fui dormir numa cama no
alojamento que ficava junto às celas.
Não consegui dormir muito, pois numa cela
havia uma TV ligada no volume máximo e em outra, também bem próximo, um rádio
com volume muito alto, em ondas curtas, sintonizado na Rádio Record de São
Paulo, tocando música sertaneja. No corredor, um PM, incrivelmente musculoso,
também com volume alto num outro rádio em ondas curtas e ouvia música da jovem
guarda na Rádio Globo. E, para completar, no outro lado do corredor, numa mesa
colocada junto à grade, um PM e um preso jogavam loto, fazendo muito barulho
quando sacudiam as pedras numa garrafa plástica (naquele tempo ainda não havia
garrafas pet).
Fiquei andando de lá
para cá e deitando para tentar dormir, alternadamente, até amanhecer.
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