26\03\84 Acordei às
seis horas. Fui até uma praça, comi três abacates e atualizei o diário.
Depois fui a uma
oficina. Após muito trabalhar para ajeitar o eixo central e o cubo traseiro,
paguei ao mecânico doze mil cruzeiros e saí de Eunápolis por volta das dez
horas.
Pouca variação na
paisagem. Fazendas, curvas, subidas. Depois de andar uns 20 km, comecei a me
sentir fraco e cansado. Com muito esforço, segui até Itagimirim. Parei num
posto de gasolina, bebi muita água e descansei.
Em seguida, entrei na pequena cidade e comprei
sardinhas e goiabada, estranha combinação que consumi logo a seguir numa
pracinha. Depois, num bar, tomei um litro de água mineral. Escrevi alguns
aerogramas e despachei no correio. Fui até a praça e tirei uma soneca. Eu
sentia muito sono. Acho que era pressão baixa. Meu corpo só queria descansar.
As pessoas olhavam muito para mim e a bicicleta. Escrevi mais dois aerogramas e
levei ao correio. Depois, comi dois abacates na praça e tomei um banho no posto
de gasolina. No supermercado, comprei goiabada e bolachas e jantei. Fiquei na
praça conversando com alguns rapazes.
Um deles indicou o delegado que estava numa
esquina ali perto. Fui falar com ele. Pediu que eu ficasse esperando na esquina
enquanto ele iria resolver outro assunto. Atualizei o diário. O delegado voltou
e autorizou meu pernoite na delegacia. Acompanhado por um PM, entrei na
delegacia e dormi num banco estreito. Foi uma noite mal dormida, pois eu não
conseguia deitar de lado.
27\03\84 Acordei cedo.
A porta estava trancada. Chegou um rapaz na janela e me deu cem cruzeiros. O PM
veio e abriu a porta. Na saída, conversamos um pouco e comi umas bolachas.
Segui viagem às
7h30min. Eu planejava ir até Itapebi, mas, quando passei sobre a ponte do rio
Jequitinhonha, percebi que Itapebi já estava para trás. Então, meu objetivo
passou a ser Camacã. Lentamente, com esforço mínimo. Parei num posto de
gasolina para descansar e comi as bolachas que restavam.
Numa cidadezinha chamada São João do Paraíso,
ganhei algumas bolachas e um prato de comida com arroz, farofa, carne e ovo
frito. Seguindo viagem, encontrei duas bananas no acostamento. Comi.
Entrei em Camacã ao anoitecer. Fui até uma
oficina de bicicletas atrás de uma catraca 24 sem sucesso. Fui pedir alimentos.
Numa casa ganhei um pacote de bolachas; noutra, outro pacote de bolachas;
noutra, um beiju; noutra, dois pãezinhos; noutra, muitas bananas. Comi todas
que consegui e devolvi o resto. Depois, no posto de gasolina, tomei banho.
Ganhei um pedaço de bolo e guardei na caixa.
Fui á delegacia, atualizei o diário e dormi na
sala de espera, num colchão que o escrivão arranjou pra mim.
28\03\84 Acordei cedo.
Observei um quadro cheio de fotografias de criminosos. Comi as três fatias de
bolo que ganhei no dia anterior. Deixei os pacotes de bolachas para serem
distribuídos aos presos. Atualizei o diário e fiquei conversando com o soldado
José Luiz dos Santos. A moça que trabalhava na delegacia serviu o café.
Saí. Havia neblina. Dei umas voltas pela
cidade e saí no rumo de Buerarema. Em lugar de pastagens, surgiram grandes
extensões de mato. Dentro do mato, muitas plantações de cacau.
Numa cidadezinha chamada São João do Panelinha,
numa casa, ganhei um quibe e um pastel. Mais adiante, na entrada de uma
fazenda, pedi água. Eu estava com uma sede fora do comum.
À tarde, entrei em Buerarema. Dei umas voltas
e atualizei o diário. Numa casa ganhei sacolé; noutra, 200 cruzeiros; na
terceira, bananas, laranjas, cacau, suco de uva e um sanduíche com queijo,
salada e ovo frito. Depois, numa praça, descansei. Numa tenda de cachorro
quente, perguntei onde havia uma oficina de bicicletas, e, casualmente, estava
ali o dono de uma. Fui com ele até a oficina e ele ajustou novamente o eixo
traseiro. Tomei banho e ganhei café na casa dele. Conversamos bastante.
Depois, já noite, fui
até a praça, comi o cacau e uma laranja e fui à delegacia, onde dormi num
colchão que um PM trouxe para mim. Choveu durante toda a noite.
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