18\03\84. Acordei às 6h40min.
Atualizei o diário. Conversei um pouco com Chiapetta e segui viagem.
Em Ibiraçu, passei numa
casa e ganhei pão e bolo. Sentei num
banco da praça e tomei meu café. Passei noutra casa e ganhei pão e leite. A
estrada acompanhava uma estrada de ferro. Vi alguns trens muito compridos, com
mais de cem vagões, carregados de minério. Vi plantações de café, aipim e
cana-de-açúcar. As subidas estavam
tornando-se mais intensas. Em algumas, tive de subir caminhando.
Depois de Guaraná, a
bicicleta começou a acusar problemas no torpedo. Continuei tomando o máximo
cuidado para não forçá-lo. Passei por uma pequena cidade chamada Jacupemba. A
11 km de Linhares, parei num posto de gasolina e comecei a comer bolachas.
Também distribuí algumas a dois cachorros e três patos que se aproximaram de
mim. Conversei com um andarilho que já havia andado por todos os Estados e
Territórios.
Andei mais um pouco,
atravessei a longa ponte sobre o Rio Doce e entrei em Linhares. Uma cidade
muito grande, plana, e com ruas largas e bem traçadas. Procurei a residência de
Paulo, no Bairro Lagoa do Meio. Não havia ninguém na casa. Um vizinho me
informou que ele deveria estar na casa do sogro e que, talvez, voltaria à
tardinha. Resolvi esperar. Comecei a comer bolachas e atualizei o diário.
Fiquei conversando com alguns garotos. De repente, apareceram dois fuscas com
alto falantes fazendo propaganda de duas lojas diferentes ao mesmo tempo. Abri
uma lata de salsichas e comi. Ao anoitecer, Paulo chegou com sua esposa,
Dalva. Conversamos um pouco. Tomei
banho, jantamos, assistimos um pouco de TV. Paulo me deu um cheque de 15 mil
cruzeiros e fomos dormir.
19\03\84. Acordei às 4h30min.
Tomamos café. Paulo foi trabalhar e eu fui dar umas voltas. Paulo trabalhava na
Cia. Vale do Rio Doce em São Mateus e Dalva trabalhava no banco Banestes. Andei pelo centro. Passei no posto de saúde e
na Sucam e não encontrei vacina contra tifo e febre amarela na cidade.
Fui até a oficina
indicada por Paulo. Consertaram o torpedo. Havia uma peça quebrada. Fui ao
banco, saquei os 15mil, voltei à oficina, paguei 5 mil e fui até a casa de Adriana,
uma garota que conheci em Fundão. Informaram que ela telefonou dizendo que
voltaria só dia 20 ou 21, lá de Fundão.
Andei mais um pouco
pela cidade e fui visitar Dona Joana, a sogra de Paulo. Fiquei lá, conheci a
família, almocei. Tomei alguns copos de um muito gostoso suco de cajazinho. À tarde, fiquei dando voltas e conversei
bastante com o pessoal da oficina e alguns rapazes do Jornal Pioneiro. Numa
lanchonete, comi bauru e banana-split.
Ao anoitecer, voltei à
casa de Paulo. Recolhi a roupa que havia lavado na noite anterior, tomei um banho
e jantamos. Depois, Paulo me deu dois postais de Linhares. Preenchi-os
prontamente e Dalva encarregou-se de despachá-los. Assistimos um pouco de TV e
fomos dormir.
20\03\84. Paulo me
acordou às 4h30min. Tomamos café, me despedi de Dalva. Eu e Paulo e o outro
Paulo, seu vizinho e colega de trabalho, fomos esperar o caminhão que os
levaria a São Mateus. Quando chegou o
caminhão, nos despedimos. Parti
imediatamente a São Mateus. A estrada
era reta, com muitas subidas e descidas, como se fosse um tobogã gigante. Vi
muitas plantações de eucalipto, muitas fazendas, e uma reserva florestal
chamada Sooretama. Várias placas informavam a presença de animais selvagens. Eu estava resfriado e o meu nariz corria sem
parar. Parei apenas em dois postos de gasolina para beber água.
Às onze horas, entrei
em São Mateus. Passei pelo centro, sentei em um banco da praça para descansar.
Num supermercado comprei iogurte, bolachas e leite e, com isto, fiz uma
refeição. Escrevi alguns aerogramas. Fui ao correio despachar.
Quando saí, havia uma porção
de curiosos que me viram na TV. Fiquei respondendo às suas perguntas. Depois,
sentei-me na escada do correio e atualizei o diário. Na frente do correio havia
dois garotos sentados junto a uma parede, aparando, com a boca, as balas que outro
estava jogando. Fui dar umas voltas pela cidade.
Numa praça, ao lado da
estação rodoviária, bati uma foto. Na praça, havia uma árvore da qual caíram
umas frutas amarelas. Perguntei a um senhor se elas eram comestíveis. Ele disse
que sim. Comi uma.
Depois, fui até o
jornal ¨Sem Fronteiras¨, onde dei uma entrevista. Em seguida, um rapaz me
acompanhou até o porto. Tomei um banho no rio São Mateus. Em seguida, na casa
dele, sua irmã serviu biscoitos e café. Remendei um pneu da bicicleta dele que
estava furado. Fui ao supermercado
comprar bananas, mariolas, iogurte e bolachas. O rapaz me acompanhou. Sentamos
num banco da praça. Jantei e fiquei conversando com ele e um baiano de Feira de
Santana. Fui até a delegacia, onde conversei um pouco. No pátio da delegacia
havia uma criação de uns caranguejos muito grandes e arroxeados. Voltei à praça
e atualizei o diário. Telefonei para mamãe. Voltei à delegacia e o sargento
Pacheco me autorizou a dormir no alojamento.
21\03\84. Acordei cedo. Levantei, fiquei conversando
com alguns PMS e duas moças que trabalhavam na cozinha. Tomei um copo de café.
Fui até a frente da delegacia
e atualizei o diário. Notei que as
mariolas que havia comprado sumiram. Dei umas voltas. Passei em algumas casas e
ganhei pão, bolo, café e uma lata de ameixas. Numa das casas fiquei um longo
tempo conversando com uma garota.
Depois, fui até o rio e
tomei um banho. Tirei uma soneca no banco de uma praça. Comi as ameixas e fiquei conversando com um
garoto. Dei mais umas voltas. Eu continuava resfriado e não tinha disposição
para viajar. Sentei num banco de outra praça e atualizei o diário. Depois,
passei em duas casas, ganhei um pão com bife e cem cruzeiros e saí rumo a Pedro
Canário. Era de tardezinha. O vento contrário me dificultava andar. Muitas
subidas e descidas. No caminho, alguns coqueiros e muitas plantações de eucalipto.
Eu sentia uma pequena dor de barriga. Escureceu.
Quando faltavam 10 km
para chegar a Pedro Canário, resolvi parar, uma vez que o vento estava sendo muito
nocivo ao meu estado de saúde. Hotel e Churrascaria Floresta, ao lado de um
posto de gasolina. Tinha eu ainda 10 mil cruzeiros. Resolvi dormir no hotel. Consegui
um quarto sem precisar pagar. O dono da churrascaria, Tião, me convidou para
jantar. Entrei no hotel, guardei a
bicicleta na recepção, tomei um banho, fui até a churrascaria e jantei. Depois,
fui dormir.
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