O e Breno o Bruno são
dois irmãos gêmeos que eram meus vizinhos. Eu nunca consegui saber quem era
qual, de tão parecidos que eram. Também não sei de quem era uma gargalhada
muito engraçada que eu ouvia a dezenas de metros de vez em quando, se era do Breno,
ou do Bruno, ou dos dois.
Quando eles tinham 14
anos, acho que em 1995, eu os convidei para dar um passeio de bicicleta para
Marudá, terra natal da minha mulher, a pouco mais de 150 km daqui de casa.
Eles toparam. Ajeitei
três bicicletas aqui de casa, duas Caloi Barraforte e uma Monark barra
circular, com câmbio, do jeito desta que uso hoje.
Saímos no sábado de manhã
e levei água e merenda para passar o dia. Fomos andando na manha, pois eles não
tinham nenhuma experiência em distâncias acima de 20 km.
Escolhi ir por
Castanhal, o caminho, na teoria, mais curto e todo asfaltado.
O passeio começou a
complicar a partir de Castanhal, pois os meninos começaram a apostar pequenas
corridas e não me deram ouvidos quando alertei que teríamos que voltar no outro
dia e eles poderiam ficar cansados.
Não adiantou. Entramos
em Marudá no início da noite. Fomos a um restaurante onde trabalhava a minha
sogra e jantamos comida de panela. Convidei-os para ir à praia, 700 metros
adiante, mas eles não quiseram ir, de tão cansados que estavam.
Fomos, à casa do Seu
Matico e nos ajeitamos por lá para dormir.
No outro dia, como
castigo, obriguei os dois a irem até a praia e, em seguida, voltamos para
Ananindeua.
Apesar de estarmos a
favor do vento, era notório o cansaço dos dois. Quando chegamos a Terra Alta, após
67 km percorridos, ao invés de seguir para Castanhal, eu optei por um caminho
de piçarra, terra preta e areia que encontrava a estrada da Vigia no km25, pois
tinha menos subidas e era praticamente sem trânsito de veículos. Passamos pelo
ramal Santa Fé.
Quase chegando ao ramal
do km25, a estrada tinha um canteiro de capim no meio e duas estreitas pistas
de terra preta, lisas como asfalto. Um dos gêmeos, o que estava menos cansado,
entusiasmou-se o foi na frente acelerando a bicicleta.
Porém, lá na frente,
desatento, ele não percebeu que o ramal Santa Fé chegava ao ramal do km25 em
forma de T. Ele simplesmente atravessou o ramal do km25 e entrou mato adentro
do outro lado da pista.
O pessoal que estava
numa casa próxima veio correndo para ver o que havia acontecido e foi uma
gargalhada só.
Seguindo em frente,
além de alguns banhos de igarapé, quando chegamos ao asfalto no km 25, seguimos
até o km 23 (entrada para o Borralho), onde paramos num comércio. Fizemos um
pequeno lanche com bolachas e refrigerante e convenci o gêmeo mais cansado a
engolir um pouco de sal que pedi ao comerciante trazer lá da cozinha. O sal
seria para melhorar a pressão, pois ainda tínhamos 55 km para andar até em
casa.
Em alguns trechos, onde era plano eu ainda empurrei a bicicleta dele para
ajudar.
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