13\03\84. Acordei cedo.
Carlos ainda dormia. Marcelo já tinha ido comprar pão e leite e ficou na frente
da casa conversando com outros garotos. Atualizei o diário. Fiquei deitado no
sofá, esperando Carlos acordar. Ele acordou por volta das dez horas. Fritou
ovos e tomamos café.
Conversamos um pouco, me despedi e segui
viagem. Estrada boa, sem movimento. Uma paisagem muito linda. Passei por uma
ponte levadiça. Depois, vi uns “pinnus eliottis” que cresceram inclinados por
causa da ação do vento. Passei num lugar chamado Unimar. Havia muitas casas,
sendo que a grande maioria estava desocupada. Passei numa e ganhei um
sanduíche. Em Barra de São João havia uma ponte caída. Ganhei um pão e uma
banana. Estava chovendo. Passei em Rio das Ostras e ganhei um pedaço de bolo,
um copo de café e quatro laranjas.
Entrei em Macaé por
volta das 17 horas. Fiquei andando pela cidade. Quando escureceu, passei numa
casa e ganhei um abacate. Dei mais umas voltas. Começou a chover forte. Debaixo de uma cobertura num ponto de táxi
atualizei o diário. Eram 19:30. Depois das 20 horas, telefonei para mamãe e
procurei o quartel da PM, em cujo alojamento consegui pernoitar.
14\03\84. Acordei às
7:15. Peguei a bicicleta e segui rumo a Campos. Andei uns 20 km por uma estrada
de péssimo asfalto e sem acostamento, até encontrar a BR-101. Parei, comi as
três laranjas-lima e o pão que me restava. Caiu uma chuva muito forte e muito
fria. Na beira da estrada, só havia pastagens, gado bovino e canaviais.
Andei uns 10 km e encontrei uma Kombi muito
velha no acostamento. Conheci o Zé e o Ricardo. Eles trabalhavam com ferro
velho e motores pifados. Estavam sem gasolina. Emprestei minha bicicleta e
Ricardo foi até o posto mais próximo para comprar alguns litros. Pediram que eu
pusesse a bicicleta na Kombi. Queriam dar uma carona até Vitória. Topei em ir
até Cachoeiro do Itapemirim. Entrei na Kombi. Num posto da polícia rodoviária,
Zé subornou um guarda com mil cruzeiros para não pagar uma multa por estar sem
cinto de segurança. A paisagem continuou inalterada. Entramos em Campos. Uma
cidade muito grande. Às margens do rio Paraíba do Sul, com águas muito
avermelhadas, havia um trânsito muito intenso nas avenidas e nas pontes.
Paramos numa lanchonete. Comi dois pastéis e tomei um refrigerante. Depois,
fomos a uma borracharia para remendar um pneu. Continuamos a viagem. A mesma
paisagem. Próximo à fronteira com o Espírito Santo, foram aparecendo árvores à
beira da estrada. Também pude observar grandes plantações de café. Tivemos de
parar porque o pneu estava furado novamente. Ricardo trocou o pneu furado por
um sobressalente.
Pouco antes do acesso para Cachoeiro do
Itapemirim, Zé começou a instalar dois cintos de segurança para não ter
problemas no próximo posto da Polícia Rodoviária. Fui até uma lanchonete com
Ricardo. Tomamos um cafezinho. Terminada a instalação dos cintos de segurança,
me despedi deles e entrei no acesso de 9 km até Cachoeiro do Itapemirim. Entrei
e fui até o centro da cidade. Um relógio marcava 17:30. Passei numa casa e ganhei um pedaço de pão.
Noutra, ganhei um sanduíche com salamito. Numa outra, ganhei um prato de comida
com feijão, arroz, salada e omeletes, muito apimentado. Tomei mais um copo com
água e um pouco de café. Conversei um pouco com a moça e fui até o centro. Na
beira do rio Itapemirim, atualizei o diário. Depois, fui até a Delegacia de
Polícia pedir pernoite. Fiquei batendo papo com os policiais e depois
fui dormir no banco de um Passat.
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