domingo, 1 de março de 2015

O Laurinho corredor

Desde a infância, sempre gostei muito de correr. Correr a pé. Lembro, ainda no primeiro ano primário, quando, no colégio (Escola Gaspar Silveira Martins – Venâncio Aires\RS), ao ouvir a sirene para o recreio de 30 minutos, eu deixava o calçado na sala de aula e, descalço, ia correr ao redor de um pavilhão de festas que havia no pátio. Corria todos os trinta minutos e contava as voltas, mais de cem. Lembro que imitava estar dirigindo, fazendo o barulho do carro (um DKW) quando acelerava ou fazia as curvas. O João Arnoldo Rodrigues Machado, que era grandão e parecia correr caindo para frente, o Inézio Moretto, que parava de correr quando abria duas voltas de vantagem, o Gelson Gehres, alguns colegas corredores que recordo.

Depois, com mais de 10 anos de idade, comecei a levantar de madrugada e correr pelas ruas da cidade. Eram 60 ou 70 quarteirões, escolhidos na hora da corrida, todos os dias. Sempre menos de 10 km. Muitas vezes alguns vizinhos ou colegas corriam comigo, mas, na maioria das vezes, eu corria sozinho.

Um amigo da época, o Galvão, que era conhecido como galão, topou um dia, fazer um percurso para fora da cidade. O acesso ao trevo ainda estava em obras de aterro. Fomos correndo até lá, e, entusiasmados, queríamos correr até Mariante, mais de 20 km, mas acabamos desistindo e fizemos a volta pela estrada velha entrando na cidade ao lado do posto do prego (Sr. Nagel), no final da Rua 15 de Novembro. Eu fiquei com as pernas meio travadas por alguns dias.

Por ocasião de jogos escolares, o professor de educação física  escalava eu e o ¨Tarimba¨(Luiz Carlos Bienert) para a prova de 4 mil metros, sendo que o Tarimba, um corredor de verdade, ganhava quase todas as provas e eu, um trotador, chegava, pela desistência  dos outros competidores, em terceiro lugar, na melhor das possibilidades.

Numa competição estadual, só de colégios evangélicos, em Ivoti, fomos, em uma Kombi, doze atletas, mais o professor e o secretário da Escola, o Wilson Bender.  Fomos lá só para fazer turismo. Eu e mais uns quatro ficamos hospedados na casa do homem mais rico da cidade e fomos tratados com tanta mordomia que eu encabulei. Não havia prova de 4 mil metros. Só de 1500 e 800. O Tarimba foi escalado para os 1500 e eu para os 800. No dia da primeira prova, eliminatória, pela manhã, o professor  nos mandou treinar na pista de atletismo, a primeira que eu vi na minha vida. Vi lá uns rapazes correndo usando abrigo, novidade. Colégio da Paz, IPT, ....  Aquele do colégio da Paz corria tão devagar que eu, caminhando, ultrapassava. Para fazer graça, ainda dei várias voltas correndo de costas. A pista era menor que a oficial e, para fazer 800 metros, eram necessárias umas 3 voltas.
Por ocasião da prova, à tarde, largamos eu e mais sete.  Fiquei logo para trás. Quando eu estava terminando a segunda volta, estava sendo colocada a faixa na chegada, e, a plateia, desatenta, ou se divertindo, me incentivava ao me ver na frente de todos, mas com uma volta a menos. Passei por baixo da faixa e só não fui o último porque um caiu e outro desistiu ....
O Tarimba, na prova dele, chegou em terceiro.


Lembro ainda, que a mamãe deu 20 mil cruzeiros para alguma despesa e recomendou que eu economizasse, sendo que não gastei nada em 4 dias e ainda achei uns 2 mil no chão.

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