Desde a infância,
sempre gostei muito de correr. Correr a pé. Lembro, ainda no primeiro ano
primário, quando, no colégio (Escola Gaspar Silveira Martins – Venâncio
Aires\RS), ao ouvir a sirene para o recreio de 30 minutos, eu deixava o calçado
na sala de aula e, descalço, ia correr ao redor de um pavilhão de festas que
havia no pátio. Corria todos os trinta minutos e contava as voltas, mais de
cem. Lembro que imitava estar dirigindo, fazendo o barulho do carro (um DKW)
quando acelerava ou fazia as curvas. O João Arnoldo Rodrigues Machado, que era
grandão e parecia correr caindo para frente, o Inézio Moretto, que parava de
correr quando abria duas voltas de vantagem, o Gelson Gehres, alguns colegas corredores que
recordo.
Depois, com mais de 10
anos de idade, comecei a levantar de madrugada e correr pelas ruas da cidade.
Eram 60 ou 70 quarteirões, escolhidos na hora da corrida, todos os dias. Sempre
menos de 10 km. Muitas vezes alguns vizinhos ou colegas corriam comigo, mas, na
maioria das vezes, eu corria sozinho.
Um amigo da época, o
Galvão, que era conhecido como galão, topou um dia, fazer um percurso para fora
da cidade. O acesso ao trevo ainda estava em obras de aterro. Fomos correndo
até lá, e, entusiasmados, queríamos correr até Mariante, mais de 20 km, mas
acabamos desistindo e fizemos a volta pela estrada velha entrando na cidade ao
lado do posto do prego (Sr. Nagel), no final da Rua 15 de Novembro. Eu fiquei
com as pernas meio travadas por alguns dias.
Por ocasião de jogos
escolares, o professor de educação física escalava eu e o ¨Tarimba¨(Luiz Carlos Bienert)
para a prova de 4 mil metros, sendo que o Tarimba, um corredor de verdade,
ganhava quase todas as provas e eu, um trotador, chegava, pela desistência dos outros competidores, em terceiro lugar,
na melhor das possibilidades.
Numa competição
estadual, só de colégios evangélicos, em Ivoti, fomos, em uma Kombi, doze
atletas, mais o professor e o secretário da Escola, o Wilson Bender. Fomos lá só para fazer turismo. Eu e mais uns
quatro ficamos hospedados na casa do homem mais rico da cidade e fomos tratados
com tanta mordomia que eu encabulei. Não havia prova de 4 mil metros. Só de
1500 e 800. O Tarimba foi escalado para os 1500 e eu para os 800. No dia da
primeira prova, eliminatória, pela manhã, o professor nos mandou treinar na pista de atletismo, a
primeira que eu vi na minha vida. Vi lá uns rapazes correndo usando abrigo,
novidade. Colégio da Paz, IPT, ....
Aquele do colégio da Paz corria tão devagar que eu, caminhando,
ultrapassava. Para fazer graça, ainda dei várias voltas correndo de costas. A
pista era menor que a oficial e, para fazer 800 metros, eram necessárias umas 3
voltas.
Por ocasião da prova, à
tarde, largamos eu e mais sete. Fiquei
logo para trás. Quando eu estava terminando a segunda volta, estava sendo
colocada a faixa na chegada, e, a plateia, desatenta, ou se divertindo, me
incentivava ao me ver na frente de todos, mas com uma volta a menos. Passei por
baixo da faixa e só não fui o último porque um caiu e outro desistiu ....
O Tarimba, na prova
dele, chegou em terceiro.
Lembro ainda, que a
mamãe deu 20 mil cruzeiros para alguma despesa e recomendou que eu
economizasse, sendo que não gastei nada em 4 dias e ainda achei uns 2 mil no
chão.
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