01\01\84. Acordei às oito horas.
Agradeci a hospitalidade, me despedi e segui rumo a Parati. Foram 72 km numa
estrada de serra. Durante a viagem, numa parte do acostamento, vi dois morcegos
mortos. Tomei banho em duas fontes. Achei um pacotinho contendo onze bolachas,
as quais eu comi sem cerimônias. Cheguei
a Parati às 14 horas. Estava bastante cansado e com fome. Parati era uma cidade
muito antiga. Prédios com mais de 200 anos eram comuns. Na rua havia muitos
turistas, os quais faziam contraste com o povo simples que lá morava. Passei em
algumas casas e ganhei pão, bananas, laranja, maçã e manga. Comi pão e frutas.
Sobrou pão. Dei umas voltas, sentei em frente a uma igreja e atualizei o
diário. Em seguida, bati uma foto e fui pedir alimentos.
Passei numa casa e
ganhei um prato com feijão, arroz, carne e batatas e uma laranja de sobremesa. Depois,
ao anoitecer, fui até o Corpo de Bombeiros, onde combinei que passaria mais
tarde para dormir. Passei em outra casa, ganhei um prato com feijão, arroz,
bifes, salada de maionese e pimentão. Ganhei, ainda, uma grande fatia de torta
“quero-mais” e quatro laranjas. Voltei ao Corpo de Bombeiros. Tomei um banho e
deitei-me na sala, num colchão que fora colocado para mim. Os bombeiros
assistiam TV. Fiquei deitado, mas o sono demorou a chegar.
02\01\84. Acordei antes das cinco
horas. Havia um gato miando perto de mim. Sentei-me na escada em frente ao prédio
e atualizei o diário, enquanto aguardava para tomar café. Tomei café e saí, por
volta das 7 horas, rumo a Angra dos Reis. A estrada era muito bonita e ia
acompanhando o acidentado litoral carioca, subindo e descendo morros. Numa
fonte, fiz uma parada e tomei um banho. Mais adiante, num belvedere, comi um
pouco de pão e duas laranjas. Passei também por uma central nuclear e alguns
conjuntos habitacionais. Num posto de gasolina, comi o restante do pão e as
duas laranjas.
Em seguida, peguei a bicicleta e percorri os últimos km que
faltavam para chegar a Angra dos Reis. Eu já estava no acesso à cidade, quando,
estranhamente, acordei numa cama com meia dúzia de pessoas desconhecidas me
observando.
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As últimas linhas foram escritas
quando eu estava no hospital. As pessoas contaram que fui atropelado e que
entrei no hospital em estado de coma. Dei alta no dia 10\01\84 e tive de
retornar a Venâncio Aires para me recuperar das lesões. No dia 22\02\84,
estando já recuperado, viajei a Porto Alegre,
visitei alguns amigos e planejei
retornar a Angra dos Reis para reformar minha bicicleta e prosseguir viagem.
Cheguei a Angra dos Reis no dia 28\02\84. Fui até a casa do casal que me
socorreu quando fui atropelado. O vizinho informou que eles estavam em
Monsuaba. Peguei a bicicleta que estava lá e levei até uma oficina. O mecânico
combinou comigo que a reformaria até o dia 01\03. Em seguida, fui até a casa de
Maria Tereza e Heraldo, que conheci quando estava hospitalizado. Heraldo estava
sozinho em casa. Maria Tereza e o filho estavam no Rio e voltariam depois do
carnaval. Fiquei hospedado na casa de Heraldo. Ocupei meu tempo jogando xadrez,
indo à praia e passeando pela cidade. No dia 01\03, à tardinha, retirei a
bicicleta da oficina.
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