Na minha primeira
viagem de Venâncio Aires-RS até Belém-PA, sem dinheiro, quando não havia uma
pessoa indicada a quem eu pudesse pedir, ou quando ninguém me oferecesse um
lugar para dormir, eu ia, como primeira opção, à delegacia de polícia. Mostrava
os documentos, explicava minha situação e então conseguia lugar para dormir. Em
muitas delegacias ficava trancado numa cela, separado dos outros presos, e era
solto ao amanhecer. Dormia no chão, o que não era difícil para quem pedalava o
dia inteiro. Muitas vezes me deram uma rede para dormir, mas eu achava muito
desconfortável e preferia o chão mesmo.
Em outras, nem pareciam
delegacias, dormia na cama, com lençol e tudo. Tinha TV, passarinhos na gaiola,
geladeira, igual a uma residência comum.
Em outras, dormia
dentro de algum carro que estivesse estacionado na delegacia.
Algumas vezes dormi em
quartéis de polícia ou de bombeiros onde fui sempre muito bem recebido pelo
comandante.
Na minha lua de mel,
viajando de Belém a Venâncio Aires, achando eu que ficaria meio estranho pedir
para dormir na delegacia com a mulher, quando não havia opção eu pedia para
dormir em algum hotel. Sempre consegui, mas perdia tempo na manhã seguinte
porque tinha de esperar para agradecer e algumas vezes saímos depois das 8
horas.
Antes desta viagem eu
já havia aprendido a dormir em rede e levávamos duas na bagagem.
Num destes dias, no
Maranhão, entre Peritoró e Caxias, ao escurecer, ficou difícil para andar por
causa do acostamento ruim e do ofuscamento provocado pelos faróis dos caminhões
e carros. Pedi para dormir numa casa à beira da estrada e fomos recebidos e
tratados tão bem que resolvemos repetir o procedimento mais à frente, em vez de
ir a algum hotel. E, em todas as vezes que pedimos um lugar para dormir à beira
da estrada, fomos bem sucedidos.
Mas, quando saímos do
Sergipe e entramos na Bahia, as pessoas negavam abrigo, chegando até a dizer
que não moravam na casa onde estavam.
Assim sendo, começamos
a dormir em postos de gasolina, a melhor opção para comer\beber\dormir,
banheiro, lavanderia. Desde então, até os dias atuais, a minha opção preferida.
Inclusive acho melhor que visitar alguém
conhecido.
Já estive em postos
cujos funcionários são instruídos a não permitir a permanência de ¨andarilhos¨.
Em todos os casos,
quando não há opção, peço orientação para qualquer pessoa que encontrar pelo
caminho, e, via de regra, o resultado é bom.
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