domingo, 1 de junho de 2014

Viagem Belém-Parnaíba-Natal (parte 1 de 3)

Esta  foi  uma  viagem  mais  difícil  que  o  planejado.  Eu  queria  fazer  o  percurso  de  2100 km  em  14  dias  e   voltar   de  ônibus.  Janeiro\2001.  Faltando  poucos  dias  para  partir,  eu  estava  me  sentindo  meio  fraco.  Não  me  sentia  cansado,  mas  sem  aquela  força  de  costume,  que  por  si  só  já  é  pouca.  Comentei  com  alguns  clientes,  e,  faltando  dois  dias para  a  viagem,  um  deles,  ¨seu Natan¨,  disse,  com  todas  as  letras:  ameba....  Disse  que  nem  precisava  fazer  exame  nem  consultar  médico;  era  só  tomar  remédio.  Foi  o  que  fiz, só  que  as  amebas  morreram  mas  não  tive  tempo  de  recuperar  aquela  força.

Mesmo assim,  ajeitei  uma  caloi  barraforte  que  um  amigo  achou  enferrujando  num  terreno  baldio.  Tempo  de  chuva.  No  primeiro  dia, fui  até  Capanema,  mais  ou  menos  150 km,  o  desempenho  de  costume.  No  segundo, mais  uns  180 km,  até  Cajueiro,  um  povoado  a  12  km  antes  de  Maracaçumé-MA,  na  casa  do  Zé  Fortino (parada obrigatória).
Me  disseram  que  a  BR  de  Zé  Doca  até  Santa  Inês  estava  muito  ruim  e  que  muitos motoristas  estavam  indo  por  São  Bento,  sendo  que  adotei  também   esta  alternativa, pois  a  distância  era  a  mesma  e   seria  um  trecho  novo  para  mim,  pois  a  BR-3l6  até  Teresina já  era  minha  conhecida  n vezes.
No  terceiro  dia,  de  Cajueiro,  fui  até  Pinheiro,  onde  pernoitei  num  hotel  (Central),  que  era  de  um irmão  de  uma  cliente  minha.  No  início  da  noite,  ao  tomar  banho,  me  vi  num  espelho,  e  tive  uma  surpresa:  apesar  de  ter  andado  3  dias  praticamente  sob  chuva  ininterrupta,  eu  estava  ¨torrado¨,  um  alemão  de  olho  azul  e  cor  de  mulato!
Quando  fui  dormir,  armei  minha  rede  garimpeira  no  quarto  indicado, e,  com  poucos  minutos,  senti  alguma  coisa  que  bateu  na  minha  rede.  Acendi  a  luz  e  vi  que  era  um  morcego.  Havia  um  bocado  deles  na  praça   José  Sarney,  em  frente  ao  hotel....
No  quarto  dia,  ao  amanhecer,  tomei  café,  agradeci,  e   segui  viagem  no  rumo  de  São  Bento.  Pelo  caminho,  parei  algumas  vezes  para  comer  azeitonas,  uma  frutinha  doce, comum  na  região.  Em  São  Bento,  lá  pelas  11  horas,  fiz  uma  merenda.  Depois,  segui  no  rumo  de  Vitória  do  Mearim,  onde  cheguei  ao  anoitecer.  Num  trecho  plano,  caiu  um  temporal,  eu  a  favor  da  ventania,  fiquei  animado  e  coloquei  a  corrente  da  bicicleta  na  coroa  grande (48).  Pedalei  forte  por  uns  20  minutos  e   senti  uma  dor  na  virilha (distensão).  Este  trecho  de  São  Bento  a  Vitória  do  Mearim  não  tinha  lombadas,  mas,  estranhamente,  em  trechos  despovoados,  deparei  com  umas  valetas  de  20 cm  de  profundidade  por  20  cm  de  largura,  como  se  fossem  lombadas  do   lado  avesso,  sem  nenhuma  sinalização.  Por  conta  disso,  havia  uma  Kombi  e  um caminhãozinho  esperando o  mecânico...
Em  Vitória  do  Mearim,  depois  de  comprar  pão  e  merendar,  já  escuro,  andei  mais  dez  km  e  entrei  em  Arari,  onde  fui  à  feira  e  arranjei  um  lugar  para  pendurar  a  rede  junto  com  os  feirantes.

A  partir  deste  dia,  além  da  fraqueza,  ainda  ganhei  o  problema  da  virilha.  Cada  vez  que  eu  parava  de  pedalar,  mesmo  que  fosse  só  para  dar  uma  mijadinha ,  a  dor  se  manifestava  e  só  parava  quando  o  corpo  aquecia.  Assim  sendo,  cada  vez  que  eu  ia  começar  a  andar,  fazia  dez  agachamentos  ao  lado  da  bicicleta,  prática  esta   que  funcionou  muito  bem.  Em  compensação,  a  chuvarada,  afora  aquele  temporal,  acalmou e  o  sol  se  fez  presente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quer comentar?