sexta-feira, 27 de junho de 2014

Passeio Santana do Capim


Em fevereiro de 1996 ou 1997, resolvi dar uma volta pras bandas de São Domingos do Capim. Num sábado, depois de pedalar uns 40 km, pouco antes de Americano, parei no comércio ¨Gwel¨ para fazer um lanche. Biscoito com refrigerante. Na saída, ao saber que meu passeio duraria dois ou três dias, o comerciante deu um pacote de mais ou menos 1 kg de fritas, sendo que com isto me alimentei durante quase todo o dia. Depois de passar por Castanhal, mais uns 15 km, entrei para a direita, caminho novo para a minha bicicleta. Da BR até São Domingos do Capim eram 45 km. Asfalto, movimento de 1 veículo a cada 5\10 minutos, nada urbano no caminho, do jeito que eu gosto. No último trecho, o asfalto acabou e,  no final de uma longa e suave descida de piçarra, cheguei à beira do rio. Travessia de balsa até a cidade. Lá na cidade, ainda perto da balsa, fiz um lanche servido por uma senhora que me disse que era mãe de um funcionário da Casa São Domingos, uma loja de armarinhos que eu costumava freqüentar em Belém. Perguntei a ela sobre a estrada a partir de lá e ela informou que eu poderia seguir para um povoado a 26 km (Perseverança), e de lá poderia seguir para a rodovia Belém-Brasília. E lá fui eu. Estrada de piçarra, subidas suaves, movimento zero. Lá no povoado, num comércio que ficava na esquina principal, o homem falou que eu poderia ir para Mãe-do-Rio  ou  Santana do Capim, e que a distância para qualquer um destes lugares era também 26 km. Escolhi Santana do Capim, uma vez que Mãe-do-Rio eu já conhecia. Pedalei pouco menos de 2 horas, e cheguei. Um pequeno povoado à beira de um largo Rio Capim. Comprei alguma coisa para comer, subi na balsa e pendurei a rede numa grande casa de madeira que ficava à direita de quem desce da balsa.
No outro dia, faltando 15 minutos para clarear,saí no rumo de Vila Concórdia, 24 km. Passei por uns 2 ou 3 trechos de atoleiro. Antes das 8 horas eu já estava numa padaria em Vila Concórdia, merendando e conversando com pessoal que se dizia admirado da minha disposição. De Vila Concórdia até a entrada para Bujaru eram 11 km. Neste trecho, asfaltado, comecei a sentir dor de barriga e por duas vezes saí da estrada com diarréia. Comecei a suar gelado e ter de sair da estrada de meia em meia hora. Acho que estraguei o fígado com aquele pacotão de fritas que ganhei. E o pior, cada vez que eu saía da estrada por causa da diarreia, só encontrava lugares cheios de formigas. Mesmo em condições desfavoráveis como uma fraqueza com febre, sou muito  persistente. Continuei andando do jeito que era possível. Só os 11 km a partir de Vila Concórdia eram asfaltados, e o resto era piçarra.

 Na estrada para Bujaru, no km 42, sendo novamente assediado pela tal diarreia, vi uma mesa de bilharito e um comércio e fui direto para lá. Encostei a bicicleta e logo declarei a minha situação, sendo que o comerciante indicou o WC a poucos metros dali, para onde segui imediatamente e fiquei aliviado por ter me aguentado. O papel higiênico, aliás, era revista de mulher pelada. Depois de aliviado, no comércio, perguntei se  tinha um Colestase ou Imosec, ao que ele respondeu que tinha só Elixir Paregórico. Comprei o vidrinho e um refrigerante, pinguei 40 gotas e tomei. Fiquei lá conversando uma meia hora e comecei a me sentir melhor. Tomei mais 40 gotas, fiquei muito muito muito agradecido e segui no rumo de Bujaru, onde cheguei no meio da tarde. Enquanto esperava a balsa para atravessar o rio Guamá, fiz um lanche. Atravessando o rio, mais 38 km de asfalto até Santa Izabel, onde cheguei uns 10 minutos depois de anoitecer. Naquela grande praça que fica no centro, fiz mais um lanche e saí no rumo de casa, mais 32 km, pelo acostamento, devagar, aproveitando a luz dos muitos carros que voltavam para Belém no final de domingo. Após ter andado uns 2 km, na saída de Santa Izabel, uma menina de uns 12\13 anos, que caminhava no acostamento, pediu uma carona. Magrinha, sentou-se no tubo superior. Falei a ela para dizer quando  quisesse descer e ela disse ¨tá¨. Depois de andar com ela por uns 6 km, perguntei onde ela queria descer e ela respondeu que iria para Icoaraci e que pegaria outra carona no lugar onde eu a deixasse. Indaguei se ela não tinha medo de um estranho como eu querer mexer com ela e ela respondeu ¨pode mexer porque eu já sou mulher..¨. Icoaraci está aproximadamente a 50 km de Santa Izabel. Chegando em Marituba, já a 9 km de casa e a uns 30 da casa dela, deixei-a numa parada de ônibus e dei dinheiro para pagar passagem até Icoaraci. Cheguei em casa depois das 21 horas.

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