02\04\84 Acordei às seis horas. Fiquei sentado na
frente da delegacia. Despachei os aerogramas no correio ao lado. Atualizei o
diário.
Às sete horas saí no
rumo de Salvador. Começou uma chuva fina que foi engrossando rapidamente. Era
fria. Passei por uma ponte e entrei na ilha de Itaparica. A chuva não parava. À
minha direita começaram a surgir praias com coqueiros. Meus dedos ficaram
anestesiados de frio.
Entrei numa praia
chamada Barra Grande e me abriguei num pequeno comércio. Comprei um pacote de
500 g de bolachas e comi. Fiquei esperando a chuva passar. Por volta do
meio-dia, o dono do comércio serviu um pouco de macarrão com peixe.
Às 14 horas a chuva
afinou um pouco e segui viagem. Senti enjoo. Acho que o peixe estava
deteriorado. Ao cabo de 50 minutos, cheguei ao terminal do “ferry-boat”.
Paguei 400 cruzeiros para atravessar os
13 km de água em 40 minutos. Tirei o boné para não ser arrancado pelo vento.
Desci do “ferry-boat” e estava em Salvador. Fui ao bairro Chame-chame, na residência de Sissa, uma amiga do “Barriga”. Lá
chegando, esperei um pouco e conversei
com ela. Tomei um banho e lanchei. Não havia lugar para eu e a bicicleta no apartamento.
Fui até o quartel da
Avenida Amaralina, de onde me mandaram para a Sétima Delegacia, ali perto.
Quando a delegada chegou, conversei com ela e fui autorizado a dormir numa sala
ao lado da recepção, no chão. Deitei às
23 horas e choveu a noite toda.
03\04\84 Acordei às 6h30min. Fiquei na delegacia
esperando a chuva passar. Ouvi um falatório de que várias partes da cidade
estavam alagadas. Escrevi alguns aerogramas. Serviram pão e café. O movimento
na delegacia era intenso. Sempre havia mais de dez pessoas. Por volta das
dez horas, a chuva afinou.
Fui ao bairro
Chame-chame, pedi alimentos em algumas
casas e ganhei pão, bolachas e mil cruzeiros. Comprei um cartão postal e fui ao
apartamento de Sissa almoçar. Hercília, sua filha, estava de saída e me desejou
boa sorte. Escrevi mais um aerograma. Almoçamos, conversamos um pouco e me
despedi.
Fui até a beira do mar,
andei um pouco, bati uma foto e saí de Salvador.
Num dado momento o asfalto
terminou e eu estava perdido numa vila suburbana. Pedi orientação a um
comerciante. Ele explicou que o mapa (Guia 4 Rodas) mostrava uma estrada que
não existia. Ele ensinou um caminho para encontrar a estrada certa.
Entrei em Camaçari ao anoitecer. Uma cidade muito espalhada. Pedi
alimentos em algumas casas e ganhei pão suco de maracujá, laranjas e um
abacate. Depois, fui à delegacia de polícia, onde a delegada me autorizou a
dormir dentro de uma Brasília branca.
Havia muitos mosquitos.
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