domingo, 6 de setembro de 2015

Minha primeira grande viagem (Nazaré das Farinhas\Camaçari) (19ª parte)

02\04\84  Acordei às seis horas. Fiquei sentado na frente da delegacia. Despachei os aerogramas no correio ao lado. Atualizei o diário.

Às sete horas saí no rumo de Salvador. Começou uma chuva fina que foi engrossando rapidamente. Era fria. Passei por uma ponte e entrei na ilha de Itaparica. A chuva não parava. À minha direita começaram a surgir praias com coqueiros. Meus dedos ficaram anestesiados de frio.

Entrei numa praia chamada Barra Grande e me abriguei num pequeno comércio. Comprei um pacote de 500 g de bolachas e comi. Fiquei esperando a chuva passar. Por volta do meio-dia, o dono do comércio serviu um pouco de macarrão com peixe.

Às 14 horas a chuva afinou um pouco e segui viagem. Senti enjoo. Acho que o peixe estava deteriorado. Ao cabo de 50 minutos, cheguei ao terminal do “ferry-boat”. Paguei  400 cruzeiros para atravessar os 13 km de água em 40 minutos. Tirei o boné para não ser arrancado pelo vento.

Desci  do “ferry-boat” e  estava  em Salvador.  Fui ao bairro Chame-chame, na residência de Sissa, uma amiga do “Barriga”. Lá chegando, esperei um  pouco e conversei com ela. Tomei um banho e lanchei. Não havia lugar para eu e a bicicleta no apartamento.

Fui até o quartel da Avenida Amaralina, de onde me mandaram para a Sétima Delegacia, ali perto. Quando a delegada chegou, conversei com ela e fui autorizado a dormir numa sala ao lado  da recepção, no chão. Deitei às 23 horas e choveu a noite toda.


03\04\84  Acordei às 6h30min. Fiquei na delegacia esperando a chuva passar. Ouvi um falatório de que várias partes da cidade estavam alagadas. Escrevi alguns aerogramas. Serviram pão e café. O movimento na delegacia  era intenso. Sempre havia mais de dez pessoas. Por volta das dez horas, a chuva afinou.

Fui ao bairro Chame-chame, pedi  alimentos em algumas casas e ganhei pão, bolachas e mil cruzeiros. Comprei um cartão postal e fui ao apartamento de Sissa almoçar. Hercília, sua filha, estava de saída e me desejou boa sorte. Escrevi mais um aerograma. Almoçamos, conversamos um pouco e me despedi.

Fui até a beira do mar, andei um pouco, bati uma foto e saí de Salvador. 

Num dado momento o asfalto terminou e eu estava perdido numa vila suburbana. Pedi orientação a um comerciante. Ele explicou que o mapa (Guia 4 Rodas) mostrava uma estrada que não existia. Ele ensinou um caminho para encontrar a estrada certa.


Entrei em Camaçari  ao anoitecer. Uma cidade muito espalhada. Pedi alimentos em algumas casas e ganhei pão suco de maracujá, laranjas e um abacate. Depois, fui à delegacia de polícia, onde a delegada me autorizou a dormir dentro de uma Brasília branca.  Havia muitos mosquitos.

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