27\12\83. Acordei, e, depois de
tomar café, me despedi de Joanina, a mulher de Ruben. Ela me abraçou. Saí
de São Paulo
com céu nublado.
Andei um trecho pela Rodovia dos Imigrantes, até encontrar uma guarita
da Polícia Rodoviária. O guarda falou
que era expressamente proibido andar de bicicleta por ali e também pela
Via Anchieta. Sugeriu que passasse por Diadema e São Bernardo do Campo,
depois mais uns 7 km pela Via Anchieta,
sem ser notado pela Polícia Rodoviária,
e entrasse na estrada antiga...
Foi o que fiz.
Na estrada antiga havia muitas curvas.
Diversas pessoas estavam às margens da estrada pescando nas águas de uma
barragem. Quando terminou o trecho que tinha
água à beira da estrada, iniciou-se uma descida muito forte. A pista era bem
estreita, de concreto. Aproximadamente 7
km. Não havia retas. Somente curvas, uma após a outra, variavam de 45 até 180 graus. No final da descida, entrei em Cubatão, a
cidade que eu havia visto do alto da serra (parecia que estava com neblina, mas
era poluição do ar).
Atravessei Cubatão e fui até Santos por uma
estrada que acompanhava uma ferrovia.
Chegando a Santos, fui ao centro da cidade e passei um tempo numa praça
observando o movimento. Em seguida, dei umas voltas em ruas residenciais, e
pedi algo para comer esporadicamente.
Chovia sem parar. No início da
noite, caminhei por uma avenida que se estendia ao longo do mar, formando uma
curva, como em Camboriú. Subi numa balsa e atravessei a baía, chegando em
Guarujá. Procurei a delegacia de
polícia. O delegado me autorizou a dormir num banco.
28\12\83. Acordei às 6:30. Peguei a
bicicleta e segui viagem. Guarujá era uma grande cidade onde quase só se via
casas bonitas. Andei alguns km e cheguei a uma praia cheia de pescadores. Os barcos,
os urubus e as peixarias completavam a paisagem. Era chamada Perequê.
Continuei.
Após passar por alguns km de braço de mar à
esquerda (canal de Bertioga), onde havia também muitos pescadores com barcos,
cheguei a uma barca (balsa). Subi. Atravessei o braço de mar. Bati uma foto.
Estava na praia de Bertioga. Por ali fiquei.
Dei umas voltas, pedi alimentos.
Lubrifiquei a bicicleta. Fui até a beira da praia. Descansei um pouco.
Depois joguei vôlei e tomei um rápido banho no mar. Entrei numa loja de jogos
eletrônicos, joguei quatro vezes. Era a máquina Penta e, como de hábito, bati o
recorde três vezes consecutivas. Começou a chover. Escorei-me na bicicleta,
debaixo de uma cobertura de zinco, e atualizei o diário. Em seguida, escrevi
aerogramas para mamãe, Sandra e Alceu. Fui ao correio, tomei um cafezinho.
Numa casa ganhei dois sanduíches e tomei coca-cola. Fiquei na casa. Uma senhora
ainda preparou mais alguns lanches. Guardei-os na caixa, para mais tarde.
Fiquei conversando com o pessoal da casa. Chegou uma visita. Um casal e dois
garotinhos. Ofereceram vinho.
Aceitei. A chuva caía e o pessoal
conversava animadamente.
Num dado momento, percebi que os homens haviam sumido. Descobri
que eles estavam nos fundos da casa quebrando cacos de tijolos. Estavam
aterrando. Ajudei um pouco, transportando areia com um carrinho de mão, da
frente para os fundos. Quando escureceu, Edmar declarou-se pregado e parou.
Oscar, no entanto, continuava disposto, mas também parou. Eu e Edmar tomamos
suco de abacaxi. Oscar serviu-se de vinho. Alguns mosquitos fizeram-se
presentes, mas não liguei para eles. Ajudamos um vizinho a colocar um grande
armário dentro da casa. Em seguida, tomamos cerveja. O dono do armário (e da
casa) pegou um armário menor e o levou até o meio da rua. Não havia se decidido
entre deixar o armário para alguém levar ou queimá-lo. Nesta casa havia um
cachorro da raça setter, grande, marrom, peludo, babão e muito brincalhão.
Voltei à casa onde ganhei o lanche e anotei
algumas coisas no diário. Em seguida, fui convidado para jantar. Jantei. Uma
senhora, esposa de Edmar, leu o meu diário. Enquanto isto, fiquei assistindo TV. Às onze horas fui até a casa do
Sr. Gerhard, o homem do armário. Ele havia me convidado para dormir lá. Dormi
na área da frente, numa rede. Ao meu lado dormiu Átila, o cachorro.
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