Na primeira vez em que
passei pelo Paraná, em 1983, indo de Joinville para Curitiba, cheguei a um ponto da estrada em que a bicicleta estava
pesada e não embalava. Eu estava numa reta e não conseguia entender.
Depois de alguns minutos,
passou um caminhão Mercedes, motor 1113, cheio de tijolos, muito devagar, e o
motor roncando muito. Como eu estava devagar, fiz um esforço e, ao emparelhar com o caminhão, agarrei em uma corda e fui a
reboque.
Só então comecei a
desconfiar estar numa subida. O caminhão demorou tanto para chegar lá no alto
que, quando chegou e começou a ganhar velocidade, soltei a corda e senti todo o
meu braço anestesiado; quase que a mão esquerda não encontrou o guidom.
Já contei isto para
vários caminhoneiros. Alguns confirmaram que serras que tem longos trechos de
reta dão a ilusão de a estrada ser plana. Dizem que, lá perto de Barreiras, na
Bahia, tem uma descida que parece suave; os caminhoneiros desatentos descem na
banguela para aproveitar e, quando querem diminuir a velocidade, não conseguem,
e sofrem acidente lá na curva.
Vinte anos depois, indo
de Curitiba para Joinville, num domingo à tarde, tive a oportunidade de
confirmar que era mesmo uma longa descida. Depois de umas 3 curvas, uma longa
reta surgiu, e, sem pedalar, a bicicleta ganhou velocidade, acredito que uns
50\60 km por hora. Vários caminhões descendo devagar, com freio motor, eu
passando por eles na pista, e os veículos menores e motos passando por mim. Lá
no meio da descida vi uma saliência na pista. Não tive coragem de frear. Fiz
posição de jóquei e a bicicleta nem pulou. No final de descida, quando a bicicleta
perdeu velocidade, parei no acostamento para beber água. Eu estava ofegante,
apesar de estar a mais de dez minutos sem pedalar. Dizem que é por causa de uma
tal adrenalina...
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