domingo, 3 de agosto de 2014

A SERRA DE CURITIBA


Na primeira vez em que passei pelo Paraná, em 1983, indo de Joinville para Curitiba, cheguei a um  ponto da estrada em que a bicicleta estava pesada e não embalava. Eu estava numa reta e não conseguia entender.
Depois de alguns minutos, passou um caminhão Mercedes, motor 1113, cheio de tijolos, muito devagar, e o motor roncando muito. Como eu estava devagar, fiz um esforço e, ao  emparelhar com o  caminhão, agarrei em uma corda e fui a reboque.
Só então comecei a desconfiar estar numa subida. O caminhão demorou tanto para chegar lá no alto que, quando chegou e começou a ganhar velocidade, soltei a corda e senti todo o meu braço anestesiado; quase que a mão esquerda não encontrou o guidom.
Já contei isto para vários caminhoneiros. Alguns confirmaram que serras que tem longos trechos de reta dão a ilusão de a estrada ser plana. Dizem que, lá perto de Barreiras, na Bahia, tem uma descida que parece suave; os caminhoneiros desatentos descem na banguela para aproveitar e, quando querem diminuir a velocidade, não conseguem, e sofrem acidente lá na curva.

Vinte anos depois, indo de Curitiba para Joinville, num domingo à tarde, tive a oportunidade de confirmar que era mesmo uma longa descida. Depois de umas 3 curvas, uma longa reta surgiu, e, sem pedalar, a bicicleta ganhou velocidade, acredito que uns 50\60 km por hora. Vários caminhões descendo devagar, com freio motor, eu passando por eles na pista, e os veículos menores e motos passando por mim. Lá no meio da descida vi uma saliência na pista. Não tive coragem de frear. Fiz posição de jóquei e a bicicleta nem pulou. No final de descida, quando a bicicleta perdeu velocidade, parei no acostamento para beber água. Eu estava ofegante, apesar de estar a mais de dez minutos sem pedalar. Dizem que é por causa de uma  tal adrenalina...

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