quinta-feira, 26 de maio de 2016

As crianças e os cavalos + Passeio a Castanhal

As crianças e os cavalos

Numa viagem de bicicleta, lá no Rio Grande do Sul, depois de pernoitar na delegacia de polícia em Bojuru, saí no rumo de Mostardas.

A estrada, só areia, era chamada “estrada do inferno”. A dificuldade com a bicicleta era grande, sendo que, com esforço, percorria uns dez km/hora.

De vez em quando, passavam por mim uma ou duas crianças a cavalo, mas não havia nenhum adulto junto. Achei estranho, mas continuei.

Depois de uma hora e tanto, numa curva, vi vários cavalos amarrados próximos a uma escolinha. Foi então que eu entendi! O cavalo era o transporte escolar.
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Passeio a Castanhal


Eu queria andar mais, mas acordei com muita preguiça e só saí de casa às 8h50min. Numa rodovia muito movimentada, andei os 60 km de ida em 4h11min e os 60 km de volta em 3h57min. Consumo do percurso: 29 bolachas maria e 3,5 litros de água.

domingo, 22 de maio de 2016

Longe da praia numa bóia

Você já usou uma câmara de pneu como bóia? É muito confortável!

Quando morei em São Luís, no Maranhão, eu jogava bola todos os dias na Ponta da Areia, normalmente, das 15 horas até escurecer.

Num certo dia, apareceu uma câmara de pneu lá no pensionato. Não me lembro de quem era, mas pedi emprestado para ir à praia. 

Lá chegando, em vez de jogar bola, fui com a câmara diretamente para dentro d’água. Sentei nela e fui remando com as mãos lá para longe...

Estava muito bom, aquele balanço suave das ondas, água para todos os lados e o barulho do vento. Uma sensação de paz e integração.

Depois de algum tempo, resolvi voltar para a praia.

Olhei e vi a praia muito longe. Não dava para ver as pessoas. Os carros que passavam na avenida pareciam formiguinhas.

Virei de costas para a praia e comecei a remar. Remei, remei e remei.

Apesar do esforço, a praia continuava muito longe.

Resolvi, então, remar no sentido diagonal, com menor resistência da correnteza, para chegar à margem, fosse onde fosse, pois seria melhor do que ficar na água.

Depois de mais de meia hora, consegui chegar à margem, muito longe da praia, numa lama preta lá pras bandas do bairro São Francisco.


De volta ao pensionato, comentaram que eu tive sorte de a maré estar enchendo, pois, do contrário, provavelmente eu seria levado para mais longe ainda da praia. Quiseram me assustar ao falarem que lá no canal, onde eu estava, havia tubarões....

Minha primeira grande viagem (Teresina/Miranda) (33ª parte)

10/05/84  Ao amanhecer, Fernandinho entrou no quarto e conversou um pouco comigo. Deitou perto de mim, tomou a mamadeira e ficou brincando no quarto. Cochilei mais um pouco e levantei para tomar café com Airton. Na hora da despedida ele deu umas goiabas e mais cinco mil cruzeiros.

Passei no jornal O Estado e ganhei um exemplar com reportagem sobre e a minha viagem.

Atravessei a velha ponte de ferro sobre o Rio Parnaíba e entrei no Maranhão. Atravessei a cidade (Timon) e segui no rumo de Caxias. Muitas subidas, mato, babaçu, plantações de eucalipto.

 Numa parada. Comi as goiabas. Mais adiante, num posto de gasolina, tomei um banho e comi sardinhas.

 Depois, entrei em Caxias. Pedi alimentos em algumas casas e ganhei pão, bolachas, bananas, laranjas, farinha d’água e um prato de comida com feijão, arroz, maxixe, abóbora, tomate, farofa e carne.

Numa praça, embaixo de uma mangueira e em frente a um colégio, atualizei o diário. Depois, pedi mais alimentos e ganhei pão e bananas.

Fui à delegacia de polícia pedir pernoite e guardei a bicicleta. Às 18h30min eu já estava deitado numa rede para dormir. Uma moça, presa numa cela próxima, cantava com voz muito alta. Às 2h30min da madrugada, sentindo desconforto na rede, deitei no chão.


11/05/84 Acordei cedo e comi pão, bolachas e bananas. Constatei que a caixa da bicicleta estava completamente revirada. Notei a falta de uma camisa e algumas bolachas.
Segui viagem. Muitas subidas e o babaçu dominando a vegetação. Num posto de gasolina, tomei banho.

 No entroncamento que dava acesso para Codó e Dom Pedro, num posto de gasolina,  comi as duas laranjas e as bolachas que me restavam. Conversei com alguns motoristas de caminhão. Um senhor pagou uma refeição numa pequena tenda (feijão, arroz e carne).

A partir daí, a estrada tornou-se mais plana e senti que a disposição continuava boa. No acostamento vi uma cobra morta de uns 3 m de comprimento. Mais adiante, vi uma senhora usando um incrível vestido verde fosforescente. Tomei um banho num riozinho.

Entrei em Peritoró. Escrevi um aerograma e despachei no correio. Na pequena cidade, pedi alimentos em três casas. Ganhei 100 cruzeiros, um prato com arroz e peixe, pão e bananas. Numa outra casa, algumas moças curiosas me chamaram e ganhei pipocas e conversei com elas.

Procurei a delegacia para pedir pernoite, mas estava fechada. Fui ao posto policial da estação rodoviária e combinei com um PM dormir lá, no chão. Ganhei um papelão da empresa de ônibus Tïmbira. Comprei dois pãezinhos, comi, bebi água e deitei.


12/05/84 Levantei antes de amanhecer e segui viagem. Caía uma forte neblina. Eu estava me sentindo meio estranho, uma espécie de indigestão. Passei por uma vila chamada Caxuxa.

Mais adiante, entrei em São Mateus. Eram 9 horas da manhã e eu me sentia muito fraco e enjoado. Comprei dois comprimidos de Sonrisal numa farmácia. Depois, num bar, tomei um refrigerante com Sonrisal. Andei um pouco e observei o movimento no mercado público.

Entrei num supermercado e comprei uma lata de goiabada e dois pacotinhos de massa. Sentei à sombra de uma árvore e comi a goiabada. Em poucos minutos, formou-se ao meu redor um grupo de curiosos que ficou me observando. Nada perguntaram.

 Andei um pouco pela cidade. Eu me sentia muito mal. Tomei um banho num posto de gasolina.

Resolvi seguir viagem. Andei uns 25 km soluçando sem parar. Parei para descansar, fiquei meio tonto e vomitei. Tomei uma dose de Eparex e muita água.


Mais adiante, tomei banho num riozinho.

 No final do dia, cheguei a uma vila chamada Miranda. Comprei um litro de leite longa vida e tomei. Comecei a soluçar, fiquei com enjoo. Fiquei descansando num posto de gasolina até me sentir um pouco melhor e fui a um hotelzinho, onde consegui pernoite com os 2.700 cruzeiros que tinha (o preço era 3.000).

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Os morcegos enganados

Quase em 1980, em Porto Alegre, visitei meu irmão. Ele morava num quarto alugado num prédio antigo no centro da cidade.

Após fazer um mingau com Maizena, mais ou menos ao meio-dia, era possível ver alguns morcegos voando num vão entre dois prédios.

O meu irmão, então, mostrou uma coisa curiosa. Ligou o gravador e, logo em seguida, alguns morcegos voaram contra a parede, como se estivessem bêbados.


O meu irmão disse que havia gravado por alguns instantes o som dos morcegos (inaudível para humanos) e, ao ligar a gravação, os morcegos teriam se confundido....