domingo, 15 de novembro de 2015

Minha primeira grande viagem (Maceió/Pontezinha) (23ª parte)

13/04/84 Após o café da manhã e arrumar minhas coisas, fiquei um pouco pela casa e me despedi de Maria das Graças e sua mãe. Ganhei delas, para levar, arroz, ovos cozidos, pão, laranjas, uma colher e um pedaço de sabão.

Na saída de Maceió, numa praia chamada Ponta Verde, bati uma foto. A estrada, pela beira do mar, ia por entre coqueiros e mangueiras. Num posto de gasolina, fiz uma parada e comi arroz, ovos e laranjas. Depois, a estrada se afastou do mar e surgiram canaviais dos dois lados.

Entrei numa cidadezinha chamada São Luiz do Quitundes. Pedi alimentos em duas casas e ganhei pão com carne e dois abacates. Ao lado da delegacia de polícia, conversei com alguns rapazes.

Depois, numa outra cidadezinha, Matriz de Camaragibe, ganhei bananas, bolachas, jaca e mil cruzeiros. O homem que deu o dinheiro disse que, na saída da cidade, no posto de gasolina do seu amigo Antônio Davi, eu poderia pedir para dormir na garagem.

Comprei bolachas recheadas no supermercado e atualizei o diário. Depois, fui ao posto de gasolina, entrei no restaurante, tomei um suco de laranja e falei com Antônio Davi. Em seguida, sentei num banco em frente ao restaurante, comi as bolachas recheadas e atualizei o diário, Na garagem, sobre um banco estreito, com muitos mosquitos e o barulho de uma boate ao lado, dormi.

14/04/84 Acordei com diarreia. Comi algumas bolachas. Subi um morro e continuei a viagem. Pela posição do sol, eu sabia que a estrada ia na direção do mar.

Ao passar por Porto Calvo, entrei num posto de gasolina e comi bananas. Continuei. De repente, os canaviais sumiram. Apareceram coqueiros, e, em seguida, o mar. 

Mais adiante, entrei numa cidadezinha chamada Maragogi. Tomei um longo banho no mar. Depois, andei  pela cidade. Na praça havia dois alto-falantes de onde se ouvia músicas de Julio Iglesias. Passei em duas casas e ganhei bananas. As bananas estavam geladas. Comi e segui viagem.

Poucos minutos depois, a barriga ficou dura e começou a doer muito. Parei debaixo de uma árvore e deitei no chão. Acho que cheguei a desmaiar. Algum tempo depois, a dor havia passado e a barriga não estava dura.

Continuando, parei num posto de fiscalização e conferi minha localização geográfica. Fui informado que faltavam 125 km para Recife. Eram 11h45min. Fiquei animado e decidi tentar ir até Recife ainda neste dia.

A partir da divisa Alagoas/Pernambuco o asfalto acabou e a estrada passou a ser de blocos de concreto. Tendo andado uns 5 km, a estrada se afastou do mar e passou para os canaviais e iniciou-se uma chuva muito forte. Os dedos logo ficaram anestesiados e me esforcei para não ficar com frio. Sem sinalização, perdi a noção de ritmo. Passei por algumas cidadezinhas, só vi o nome de uma: Rio Formoso. A chuva não deu trégua e eu não parei.


Ao anoitecer, passei por uma cidade chamada Cabo. Achei que Recife estivesse próxima. Para minha surpresa, entrei na BR-101. Movimento muito intenso, acostamento péssimo (lama e buracos).

 Continuei enfrentando a chuva e a estrada ruim, até chegar num lugar chamado Pontezinha, quando parei num posto da Polícia Rodoviária Federal. Comi as duas laranjas que restavam. Troquei a roupa e me acomodei no chão, na garagem, entre uma Brasília e três tonéis de combustível. Havia uma casa noturna nas proximidades e dormi ouvindo música.

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