13/04/84 Após o café da
manhã e arrumar minhas coisas, fiquei um pouco pela casa e me despedi de Maria
das Graças e sua mãe. Ganhei delas, para levar, arroz, ovos cozidos, pão,
laranjas, uma colher e um pedaço de sabão.
Na saída de Maceió,
numa praia chamada Ponta Verde, bati uma foto. A estrada, pela beira do mar, ia
por entre coqueiros e mangueiras. Num posto de gasolina, fiz uma parada e comi
arroz, ovos e laranjas. Depois, a estrada se afastou do mar e surgiram canaviais
dos dois lados.
Entrei numa cidadezinha
chamada São Luiz do Quitundes. Pedi alimentos em duas casas e ganhei pão com
carne e dois abacates. Ao lado da delegacia de polícia, conversei com alguns
rapazes.
Depois, numa outra
cidadezinha, Matriz de Camaragibe, ganhei bananas, bolachas, jaca e mil
cruzeiros. O homem que deu o dinheiro disse que, na saída da cidade, no posto
de gasolina do seu amigo Antônio Davi, eu poderia pedir para dormir na garagem.
Comprei bolachas
recheadas no supermercado e atualizei o diário. Depois, fui ao posto de
gasolina, entrei no restaurante, tomei um suco de laranja e falei com Antônio
Davi. Em seguida, sentei num banco em frente ao restaurante, comi as bolachas
recheadas e atualizei o diário, Na garagem, sobre um banco estreito, com muitos
mosquitos e o barulho de uma boate ao lado, dormi.
14/04/84 Acordei com
diarreia. Comi algumas bolachas. Subi um morro e continuei a viagem. Pela
posição do sol, eu sabia que a estrada ia na direção do mar.
Ao passar por Porto
Calvo, entrei num posto de gasolina e comi bananas. Continuei. De repente, os
canaviais sumiram. Apareceram coqueiros, e, em seguida, o mar.
Mais adiante,
entrei numa cidadezinha chamada Maragogi. Tomei um longo banho no mar. Depois,
andei pela cidade. Na praça havia dois
alto-falantes de onde se ouvia músicas de Julio Iglesias. Passei em duas casas
e ganhei bananas. As bananas estavam geladas. Comi e segui viagem.
Poucos minutos depois,
a barriga ficou dura e começou a doer muito. Parei debaixo de uma árvore e
deitei no chão. Acho que cheguei a desmaiar. Algum tempo depois, a dor havia
passado e a barriga não estava dura.
Continuando, parei num
posto de fiscalização e conferi minha localização geográfica. Fui informado que
faltavam 125 km para Recife. Eram 11h45min. Fiquei animado e decidi tentar ir
até Recife ainda neste dia.
A partir da divisa
Alagoas/Pernambuco o asfalto acabou e a estrada passou a ser de blocos de
concreto. Tendo andado uns 5 km, a estrada se afastou do mar e passou para os
canaviais e iniciou-se uma chuva muito forte. Os dedos logo ficaram
anestesiados e me esforcei para não ficar com frio. Sem sinalização, perdi a
noção de ritmo. Passei por algumas cidadezinhas, só vi o nome de uma: Rio
Formoso. A chuva não deu trégua e eu não parei.
Ao anoitecer, passei
por uma cidade chamada Cabo. Achei que Recife estivesse próxima. Para minha
surpresa, entrei na BR-101. Movimento muito intenso, acostamento péssimo (lama
e buracos).
Continuei enfrentando a chuva e a estrada ruim, até chegar num
lugar chamado Pontezinha, quando parei num posto da Polícia Rodoviária Federal.
Comi as duas laranjas que restavam. Troquei a roupa e me acomodei no chão, na
garagem, entre uma Brasília e três tonéis de combustível. Havia uma casa
noturna nas proximidades e dormi ouvindo música.
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