domingo, 25 de outubro de 2015

Minha primeira grande viagem (Umbaúba - Maruim) (21ª parte)

07/04/84  Acordei e fiquei esperando abrirem a cela, quando comi um pedaço de pão e quatro laranjas.

Às oito horas, saí com destino a Estância. Choveu. Perto de Estância, vi muitas mangueiras e coqueiros, bem como laranjeiras e plantações de mandioca.

Entrando em Estância, fui pedir alimentos e ganhei pão, bolachas, laranjas, bergamotas, mangas e comida (arroz, quiabo, cenoura, abóbora, carne e farinha).

De barriga cheia, segui viagem. Depois de alguns quilômetros, notei o pneu traseiro furado.  Entrei ao lado de um restaurante e fiz o remendo, mas, ao montar a roda, furei novamente a câmara com a ferramenta, “proeza” que realizei em várias oportunidades.

Chegou uma camionete e um rapaz que estava nela, percebendo a minha falta de jeito, encarregou-se de fazer o serviço na bicicleta. Enquanto ele ajeitava o pneu, fui ajudar outros dois senhores a colocar um eixo pesado sobre um caminhão. Fiquei todo engraxado.

Com a bicicleta novamente em condições de andar, já escuro, segui até Itaporanga. Num posto de gasolina, arranjei um pedaço de sabão e tomei um banho. Depois, fui pedir pernoite na delegacia. Comi um pedaço de pão e duas laranjas. Às 20:30, deitei num colchão que havia na cela e dormi.


08/04/84 Bem cedo chamei o guarda e ele abriu a cela. Atravessei a cidade e saí no rumo de Aracaju. Tomei alguns banhos de chuva pelo caminho. Muito movimento e acostamento de barro.

Em Aracaju, andei bastante e pedi alimentos em várias casas. Ganhei pão, bolachas, bananas, laranjas, mangas e duzentos cruzeiros. No centro da cidade, comprei um cartão postal e telefonei para mamãe. Andei um pouco na beira do rio e resolvi seguir viagem.

Na saída, bati uma foto defronte ao terminal rodoviário. O movimento tornou-se mais intenso e o acostamento piorou. E choveu.
Entrei em Maruim pouco antes das 17 horas. Fugindo da chuva, entrei em um ginásio de esportes, onde alguns rapazes jogavam basquete. Depois, fui pedir alimentos e ganhei pão, bolachas, suco de caju, bolo, laranjas e bananas.

Fui à delegacia de polícia e falei com o sargento. Atualizei o diário e escrevi alguns aerogramas. O sargento e o cabo jogavam cartas. Fui caminhar um pouco. Cheguei a uma praça. Havia uma boate num prédio chamado “Gabinete de Leituras”. Na igreja, um grupo de jovens ensaiava uma peça teatral. Muito movimento de rapazes e garotas na praça.

Retornando à delegacia, encostei dois bancos e fui dormir na cela. Eram 21 horas.

domingo, 11 de outubro de 2015

Viagem Natal - Teresina - Belém 2002 (Sétima e última parte)

 Recordo pouca coisa do décimo primeiro dia. Saí de Bom Jardim cedo e me concentrei em vencer os buracos e o vento contra até aquela curva antes da entrada para Santa Helena. Nas últimas horas choveu bastante e associei a chuva à proximidade com o Pará.

Cheguei até Marcaçumé, já escuro, e jantei num restaurante localizado na saída da cidade, no lado esquerdo. Faltavam apenas 12 km para Cajueiro, onde eu visitaria o Zé Fortino, mas o pessoal do restaurante disse que eu poderia ficar para dormir; e assim foi.  

No 12º dia, saí cedo e fui até a casa do Zé Fortino, onde tomei café e conversei um pouco. Com muita vontade de chegar ao final da viagem, nos despedimos. O vento a favor, desde aquela curva perto da entrada para Santa Helena, era muito bem-vindo.

Faltando uns 5 km para chegar ao km 24, percebi o pneu furado. Sabendo da existência de uma borracharia fui empurrando a bicicleta. Lá chegando, a borracharia não estava funcionando. A minha bomba estava estragada e fui até o povoado, onde me informei e encontrei uma oficina na última rua. O remendo foi feito com um ferro de passar roupa (aquecido com fogo, pois não havia energia elétrica).

Seguindo viagem, andei com muita disposição e, com uns dez km no escuro, cheguei a Santa Maria do Pará, onde ganhei o jantar no restaurante e dormi debaixo de um caminhão no posto de gasolina.


No 13º e último dia, faltando apenas 100 km, segui fácil e cheguei na hora do almoço.   

domingo, 4 de outubro de 2015

Viagem Natal - Teresina - Belém 2002 - 6ª parte

No  nono dia, saí do posto de gasolina a 18 km de Timon e segui no rumo de Caxias. Lembro pouca coisa deste trecho, a não ser que, a partir do meio-dia, já tendo passado por Caxias, o céu começou a escurecer atrás de mim e as nuvens escuras foram me seguindo pela tarde inteira, cada vez mais escuras.

Ao chegar à última curva antes de Peritoró, lá onde começa aquela descida comprida, veio uma ventania atrás de mim; não bastasse a velocidade que a bicicleta ganhou na descida, ainda tinha uma ventania me empurrando!

Só deu tempo de entrar no posto de gasolina no final da descida. Sentei na escadinha do restaurante e vi a chuva caindo no sentido horizontal  e o vento varrendo  tudo   no espaço entre as bombas de combustível (latas, tambores de lixo,  papéis, etc.)

Chuvas com ventania são comuns nesta região no mês de janeiro, pois recordo  outras chuvas parecidas já presenciadas em outras viagens, uma perto de Santa Inês e outra perto de São Bento.

O dia estava acabando e me instalei para dormir pendurando a rede debaixo de uma árvore.


No décimo dia, às cinco horas e trinta minutos eu já estava pronto para seguir, quando vi passar, lentamente, um caminhão em frente ao posto, ainda escuro, com uma carga de formato irregular.

Tendo saído do posto meia hora depois, quando amanheceu, encontrei o tal caminhão uns 30 km mais à frente.  Era uma carga de vidros, e, com a estrada toda esburacada, o caminhão parava a cada buraco para proteger a carga, de modo que eu era mais veloz que ele!


Passei o dia a lutar contra o vento, passei por Bacabal e Santa Inês e terminei o dia em Bom Jardim, entre Santa Inês e Zé Doca, onde me acomodei debaixo de uma carreta no posto de gasolina.