10\12\83. Levantei às 6:20. Foi
uma noite muito bem dormida. O dia amanheceu com cara de chuva e um passarinho
cantava sem parar numa gaiola da delegacia. O delegado estava preocupado com dois
colegas que foram pescar e não voltaram ainda. Atualizei o diário. Passei na padaria. O padeiro havia saído.
Deixei um bilhete de agradecimento e fui a Florianópolis. No caminho passei por
um caminhão que desceu o barranco com uma carga de uréia. Chegando a Florianópolis, passei por uma ponte que tinha uma passarela por baixo. Dei umas voltas no
centro. Vi o calçadão todo enfeitado para o Natal. Bebi água na praça XV de
Novembro. Procurei uma senhora cujo nome estava num catálogo de Análise
Transacional. Lá ganhei um almoço e mais mil cruzeiros. Saí e fui subir o morro da televisão. No
começo da subida, passei numa casa e ganhei bananas e laranjas. Com muito esforço,
consegui subir o morro, empurrando a bicicleta. Lá chegando, comi duas laranjas
e bati uma foto.
Conversei com uns guris que estavam lá em
cima. Desci o morro, ganhei pão e bananas numa casa e cem cruzeiros noutra, com
os quais comprei 4 bananas e 3 laranjas. Segui viagem para Tijucas ao anoitecer. Estava chuviscando.
Quando o chuvisco transformou-se em chuva, armei a lona debaixo de uma
goiabeira e lá fiquei aproximadamente uma hora, quando a chuva parou. Já
escuro, continuei rumo a Tijucas. Encontrei um fusca azul que havia furado o pneu traseiro direito. Estavam
sem macaco. Fiquei dando uma mãozinha. Resolvido o problema do fusca, combinei
almoçar no dia seguinte na casa deles em Itapema. Segui viagem e cheguei a
Tijucas às 22 horas. Fui a um posto de gasolina, gastei 900 cruzeiros para encher
a barriga. Atualizei o diário. Começou a
chover. Dormi na lancheria do posto. Como era noite de sábado para domingo, não
parava de entrar e sair gente, assim como também não parava de chover. Dormi
mal, em meio a tanta confusão.
11\12\83. Acordei cedo e gastei
700 cruzeiros para encher a barriga. Quando a chuva afinou a ponto de não me
molhar, segui viagem até Itapema. No meio do caminho, a chuva engrossou. Entrei
numa garagem. Quando entrei na garagem dei-me conta de estar num cabaré. Eu
estava com muito sono. Sentei num tijolo junto a uma parede e dormi. Acordei
quando chegou um carro vermelho (um Corcel) que entrou na garagem. Reconheci o motorista que eu havia visto no
posto de gasolina e o cumprimentei. Ele entrou no cabaré e eu tirei uma soneca
no carro dele. Quando acordei, havia afinado a chuva. Fui até Itapema. Lá
chegando, telefonei a cobrar para mamãe e disse onde estava e que tudo ia bem.
Procurei a casa do pessoal do fusca azul de Florianópolis. Encontrei a casa.
Uma das garotas, a que usava um chapéu do Kiss, me recebeu e disse que os
rapazes estavam na praia. Larguei a bicicleta na casa e fui encontrá-los, Um
estava numa prancha de surf, esperando uma onda que eu sabia que não ia
aparecer. O mar estava muito calmo. O outro, Disney, estava num caiaque. Os
dois rapazes gostavam tanto da água que só faltava terem barbatanas! Quando
eles saíram do mar, fomos até a casa, jogamos futebol, depois dominó, brincamos
e conversamos um pouco e almoçamos churrasco. Após almoço, enxuguei a louça. O
sobrenome dos donos da casa era Feiber. Moravam em Florianópolis, na Rua D.Pedro II. Após o almoço, voltamos à praia.
Joguei vôlei com as garotas e tomei um banho. Depois, voltamos à casa, fizemos
um lanche, me despedi do pessoal e segui até Camboriú. Subi e desci um morro e entrei em Balneário
Camboriú. Ainda chovia fino. Passei
numas casas e ganhei bananas, sanduíches e leite. Dei umas voltas e procurei
onde dormir. O comissário de polícia me autorizou a dormir num carro que estava
detido. Havia muitos mosquitos e, para completar o sono, fiquei dormindo
algumas horas após clarear o dia.
12\12\83. Saí. Céu nublado e
cinzento. Peguei alguns pãezinhos e frutas. Tomei um café de ficar triste de
tanto comer e ainda ganhei 600 cruzeiros. Fui à praia. Defronte a uma ilha que
ficava a uns 500 metros, tomei um banho. A água estava gelada. Saí logo. Sentei
num banco e atualizei o diário. Dei umas pedaladas ao longo da praia e, em seguida, fui até Itajaí. Cheguei lá por
volta do meio-dia. Procurei a residência do Sr. Antônio Carlos da
Silva, indicado em V. Aires pelo meu vizinho Antônio Carlos Heissler.
Lá chegando, eu o encontrei. Ele
se prontificou a me hospedar naquela noite. Ofereceu-me um almoço. Recusei por
não estar com fome. Em seguida, sentei-me a uma cadeira e escrevi alguns
aerogramas. Peguei a bicicleta, fui ao correio e depois passei numas casas para
pedir alimentos. A primeira casa que
passei era a do prefeito. Foi coincidência. Uma empregada me atendeu e me deu
dois pãezinhos com manteiga. Noutra
casa, na mesma rua, ganhei um saco cheio de sanduíches, cucas, laranjas e
bolachas. Comi uma parte, dei umas voltas pelo centro da cidade. Dei uma
entrevista no Jornal Opinião. Voltei à
casa de Antônio Carlos. Joguei pingue-pongue com uns garotos na casa ao lado.
No início de noite, eu e Antônio Carlos conversamos um pouco. Tomei um banho,
jantei e em seguida fomos todos dormir.
13\12\83. Levantei às 6:30. Tomamos café. Resolvi seguir até Joinville. O céu estava com
cara de chuva. Mesmo assim, saí. Tinha andado uns 20 minutos e caiu uma forte
chuva. Não tive chances de me abrigar. Fiquei encharcado. Continuei andando. A
chuva passou e em seu lugar veio um chuvisqueiro. Na beira da estrada vi muitas
árvores que tinham flores cor-de-rosa e flores brancas, na mesma planta. Eram
árvores grandes. Uma senhora que caminhava na beira da estrada disse, após ter
enchido bem os pulmões, que o nome era Jacateirão do Roxo. Caíram, ainda, umas
quatro chuvas fortes. Felizmente, encontrei abrigo quando elas caíram. Entrei
em Joinville à meia-tarde. Procurei outro
amigo de Antônio Carlos Heissler e
descobri que ele estava em férias e havia viajado a Porto Alegre. Passei em
algumas casas, ganhei uns lanches. Dei umas voltas pela cidade e fui até o jornal “A Notícia”, onde dei uma reportagem.
Em seguida, fui até o 2º. Distrito Policial pedir um pernoite. Lá fui informado
que, em frente à estação rodoviária, havia um hotel cuja dona me arranjaria um
pernoite grátis. Fui até lá. Hotel Novo
Horizonte. Quando cheguei, vi uma senhora sentada em frente ao hotel, usando um
vestido cor-de-rosa. Era a dona. Expliquei a ela que estava realizando uma
fantasia de infância e ela prontamente me indicou uma entrada lateral, onde eu
encontraria seis quartos vagos e que eu poderia escolher qualquer um. Imediatamente entrei e escolhi o número 5. Fiz
um lanche e dormi.
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