domingo, 31 de agosto de 2014

O coco

No Rio Grande do Norte, indo de João Câmara para Touros, onde gastamos umas 8 horas para percorrer 60 km de areia e costelas-de-vaca, logo depois daquela curva onde encontramos o asfalto da BR-101, vimos muitos coqueiros plantados e carregados de cocos, sendo que apenas um deles estava do lado de fora da cerca. A Ilda, que não dispensava nem goiaba verde, encostou a bicicleta no coqueiro e pegou este coco. Para abrir, quase destruiu o canivete. Mas valeu a pena. Faltavam apenas 10 km de asfalto para Touros, onde fomos recebidos e tratados com muita mordomia pelo pastor José Aprígio.

Passeio com a minha mulher

A primeira vez que a Ilda foi de bicicleta comigo para Marudá fez parte de uma preparação para uma viagem maior que faríamos brevemente (a nossa lua de mel).
Saímos da casa da tia Maria, lá na Av. Augusto Montenegro, ainda escuro e viemos pela estrada do Tapanã, hoje Mário Covas. Apesar de estar acostumado a fazer o percurso sozinho, aquele dia foi mais comprido. 



Lembro que na primeira meia hora eu arremedava os galos que anunciavam a chegada de um novo dia.
As duas bicicletas com catraca 24, fomos andando só na manha, tomando todos os cuidados para ela não ficar cansada. Acho que gastamos mais de 5 horas para ir até Castanhal (73 km). Lá chegando, bem naquela subida onde está um Cristo Redentor, estourou o pneu dianteiro da bicicleta da Ilda. Era exatamente o dia em que a Caloi Cruiser dela estava completando um ano  de uso. Entramos numa rua à direita, a rua do campo do Vila Nova, e encontramos uma oficina onde conseguimos outro pneu novo (Dunlop).
No trecho entre Castanhal e a entrada para Curuçá, paramos para tomar banho em alguns igarapés (tem um bocado). Em Terra Alta, fizemos uma merenda num comércio.
Faltando uns 30 km para Marudá, a Ilda viu um bocado de Muruci (Murici) bem amarelinhos. Ficou comendo de montão. Eu comi só alguns. Quando voltamos a pedalar, começou a escurecer. Ela, então, começou a acelerar, e eu não consegui acompanhar. Falei a ela que, se quisesse, poderia ir sozinha na frente, mas chegaria no escuro do mesmo jeito. 
Ela resolveu seguir comigo, na manha. Sem ver o chão direito, andamos mais devagar ainda. Depois de Marapanim, passamos por um pequeno trecho de barro antes de uma ponte. Chegamos lá na casa da Mundica (sogra) às 8 e tanto da noite. Fiquei sabendo que algumas pessoas haviam apostado que a Ilda não aguentaria o percurso.... No entanto, ela ainda foi dançar no brega e eu, cansado, fiquei na rede descansando .
No dia seguinte, para retornar a Belém, saímos muito cedo, numa madrugada muito escura. Lembro que em alguns lugares havia pessoas deitadas na pista esperando ônibus, mas, felizmente, pudemos perceber e evitar acidente. Quando começamos a ver o chão, estávamos chegando naquela encruzilhada para Curuçá.

Depois, o vento a favor veio e nos facilitou a volta.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Bicicleta para estrada do LauroFiss2

Quando converso sobre as minhas andanças, muitas pessoas acreditam que tenho uma bicicleta especial para estrada.
Já houve tempos que eu tinha duas bicicletas, mas o modelo nunca mudou.

Bicicleta de ferro, garupa com caixa, rodas de ferro, raio grosso. Por conta da má qualidade das bacias e cones,  uso rolamentos na roda traseira. Pneus, de preferência, 1.9 ou aproximado (20 a 25 reais), uso por 6 a 10 mil km. Corrente, a mais barata (5 reais), rodo mil km (15\20 dias)  e troco. Coroa tripla e catraca de no máximo 7 marchas uso até estragar (milhares de km). Freios de garra, ultrapassados, mas com eficácia suficiente para a velocidade que ando (entre 15 e 20 km\h). Para-lamas, um pedaço de forro PVC.
Última vez que lavei a bicicleta foi no século passado (para dar uma pintura a dedo).


Nas fotos, eu e a minha bicicleta atual (quadro de Monark barra circular). Tem mais duas assim em casa, com caixa e tudo, uma da minha mulher.

domingo, 17 de agosto de 2014

A primeira bicicleta


Já com dez anos de uso, em 1983, no alto do morro da TV, em Florianópolis, tirei esta foto.
Lá embaixo, uma parte da cidade e a  ponte Hercílio Luz, à direita e ponte nova à esquerda.  Naquele tempo eu ainda tinha curiosidade para conhecer cidades.

A máquina era uma Kodak 11, comprada da Sonora pelo reembolso postal. 

domingo, 3 de agosto de 2014

A SERRA DE CURITIBA


Na primeira vez em que passei pelo Paraná, em 1983, indo de Joinville para Curitiba, cheguei a um  ponto da estrada em que a bicicleta estava pesada e não embalava. Eu estava numa reta e não conseguia entender.
Depois de alguns minutos, passou um caminhão Mercedes, motor 1113, cheio de tijolos, muito devagar, e o motor roncando muito. Como eu estava devagar, fiz um esforço e, ao  emparelhar com o  caminhão, agarrei em uma corda e fui a reboque.
Só então comecei a desconfiar estar numa subida. O caminhão demorou tanto para chegar lá no alto que, quando chegou e começou a ganhar velocidade, soltei a corda e senti todo o meu braço anestesiado; quase que a mão esquerda não encontrou o guidom.
Já contei isto para vários caminhoneiros. Alguns confirmaram que serras que tem longos trechos de reta dão a ilusão de a estrada ser plana. Dizem que, lá perto de Barreiras, na Bahia, tem uma descida que parece suave; os caminhoneiros desatentos descem na banguela para aproveitar e, quando querem diminuir a velocidade, não conseguem, e sofrem acidente lá na curva.

Vinte anos depois, indo de Curitiba para Joinville, num domingo à tarde, tive a oportunidade de confirmar que era mesmo uma longa descida. Depois de umas 3 curvas, uma longa reta surgiu, e, sem pedalar, a bicicleta ganhou velocidade, acredito que uns 50\60 km por hora. Vários caminhões descendo devagar, com freio motor, eu passando por eles na pista, e os veículos menores e motos passando por mim. Lá no meio da descida vi uma saliência na pista. Não tive coragem de frear. Fiz posição de jóquei e a bicicleta nem pulou. No final de descida, quando a bicicleta perdeu velocidade, parei no acostamento para beber água. Eu estava ofegante, apesar de estar a mais de dez minutos sem pedalar. Dizem que é por causa de uma  tal adrenalina...