quinta-feira, 14 de maio de 2020

Encontro com o Sr. Berilo (nov/2019)

Estava eu voltando para casa, perto de Taciateua,  e vi um senhor empurrando a bicicleta na subida.

A bicicleta tinha uma caixa como a minha e um bocado de coisas nela inclusive um triângulo pendurado atrás.

Não tinha câmbio. 

Conversamos e ele disse que estava indo para Betim-MG.

Aos sessenta anos, saiu de um povoado lá perto de Mossoró-RN.

Não tinha noção de quantos km andava por dia.

Neste dia ele havia saído de uma parada de ônibus onde dormiu entre Santa Luzia e Capanema.

Falou de algumas dificuldades que teve: 
  
      em Chaval-CE ninguém deu água,  

    no Maranhão caiu num buraco grande para não ser atropelado por um caminhão,  

        achou muito ruim andar na buraqueira do Maranhão 

    e tinha um curativo na perna por mordida de um cachorro perto de Cachoeira do Piriá.

Sugeri a ele que procurasse uma corrente nova (não encaixava mais nos dentes da coroa) e ele disse que ela estava nova pois havia colocado antes da viagem (já tinha andado mais de 1700 km)!

Por  não ter câmbio falei a ele que, a partir de São Miguel do Guamá, ele perderia muito tempo empurrando a bicicleta e isto se estenderia até o final da viagem.

Ele falou que não conhecia o caminho e também não tinha pressa...

Dei a ele uma lanterna (eu estava com duas) e vinte reais. Ele não disfarçou sua alegria.

Nos despedimos na entrada de Santa Maria do Pará no horário de meio-dia.

Naquela ocasião  fiquei com inveja e com vontade de ir junto.

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