06/05/84 Acordei às
6h30min. Tomei café e segui viagem. Entrei numa vila chamada Aprazível, dei umas
voltas, pedi alimento numa casa e não ganhei nada.
Mais adiante, em
Ubaúna, também não fui bem sucedido.
Em Frecheirinha, ganhei
feijão, arroz, abóbora, carne e farinha. Depois, um copo de café. Segui viagem.
Desde Itapajé eu vi, na
beira da estrada, muitas árvores com florzinhas brancas (Pé D’água). Uns dez km
depois de Frecheirinha, comecei a subir a serra. Caminhei a maior parte da
subida de 10 km. Andei uns 3 km agarrado a um caminhão Mercedes amarelo.
Quase no final da
subida, tomei um banho numa fonte. Vi um pequeno açude onde muitas pessoas
tomavam banho. Era um balneário.
Entrei em Tianguá. Pedi
alimento numa casa e ganhei pão e laranjas.
Depois, numa outra casa, me
convidaram a entrar. Ganhei tomates, laranja, milho cozido, canjica, bolachas e
café. O rapaz da casa disse que se chamava Valdir B. Santos. Fiquei lá conversando
e Valdir deu uma volta com a minha bicicleta. Atualizei o diário. No alto da
serra havia muitos coqueiros de babaçu.
Saindo da casa de Valdir, um cachorro
vira-latas mijou na minha bicicleta. Andei um pouco, pedi numa outra casa e
ganhei bolo, laranjas e uma banana.
Comecei a sentir frio.
Andei mais um pouco, pedi em outra casa e ganhei arroz,
ovo frito e carne. Tentei telefonar para mamãe, mas só encontrei orelhões
estragados. Voltei à casa de Valdir e telefonei de lá.
Depois, fui até o
quartel. Após o comandante autorizar, me instalei no alojamento e dormi.
07/05/84 Levantei às
6h20min. Tomei café no alojamento, comi uma laranja e segui viagem.
Andei uns dez km de “sobe-e-desce” e comecei a
descer a serra. Ao contrário da subida, íngreme e com curvas acentuadas, a
descida era suave e com curvas bem abertas. Uns 16 km. Uns 30 periquitos
passaram voando na minha frente.
No final da descida,
passei por uma vila.
Mais uns 15 km, outra (Alto Alegre). Vi muitas
carnaubeiras e pequenos rebanhos de caprinos, ovinos e bovinos.
Num trecho da
estrada, outro ciclista quis apostar corrida comigo, mas faltou-lhe fôlego.
Mais adiante, outro, também cansou.
Entrei em Piripiri às
12h45min. Comi uma laranja e uma banana, me lavei num posto de gasolina e andei
pela cidade. Pedi alimentos e ganhei pão, bolachas, cajuína, um prato de comida
(arroz, carne e ovos fritos) e café. Nesta casa fiquei conversando um tempo com
uma senhora e uma moça e atualizei o diário.
Piripiri era uma cidade grande,
plana e quadriculada. Não vi indústrias e o comércio era razoável.
Pedi mais alimentos e
ganhei bananas, laranjas, cuca, leite, café e pão torrado.
Numa casa havia um
enorme viveiro cheio de pássaros. Um pássaro preto e branco, muito agitado,
parecia ser o rei do viveiro. O dono disse que era um cão-cão e comentou que
ele acua qualquer cobra.
Em outra casa, conversei sentado ao sol com dois senhores de idade avançada e fiquei
encharcado de suor em poucos minutos.
Ao anoitecer, tomei
banho num chuveiro da empresa Barroso e fui até a praça que ficava em frente à
igreja.
Alguns motoristas de táxi com quem eu conversava fizeram uma vaquinha e
me deram dois mil e cinco cruzeiros.
Por indicação deles,
fui até o mercado público e comi panelada (arroz, carne, tomate, cebola...) e
tomei café. Gastei mil cruzeiros.
Voltei à praça, conversei mais um pouco com
os motoristas e me dirigi ao quartel, onde passei a noite.