Lá na década de 90, num domingo, umas 9 horas da manhã, saí com a minha Caloi Barraforte para mais um passeio.
Depois de Santa Isabel segui no rumo de S.Antônio do Tauá.
No km 12, antigo Posto Fiscal, entrei naquela estrada chamada Transcastanhal, em direção à Vila Santa Terezinha.
Já fazia alguns dias que a direção estava meio dura e eu achava que era coisa de bacias, cones e esferas...
Tendo andado uns 5 km, bem no meio do areal, fazendo força para não encalhar, o garfo quebrou.
Eram 12h15min.
Fiquei com os dois guidões na mão, (um alto e um reto soldados um ao outro) a roda com o garfo no chão e o quadro com garupa e caixa entre as pernas.
Devido à baixa velocidade nem caí.
Na hora do almoço, num lugar deserto, sem conhecer o lugar.
Eu estava pensando como me sair desta dificuldade.
Em menos de cinco minutos apareceu um outro rapaz numa bicicleta Monark com um caixa de frangos vazia na garupa.
Ele nem perguntou nada e logo se ofereceu para ajudar.
Estava voltando para casa (S.Antônio do Tauá), mas quis me ajudar primeiro.
Colocamos a minha bicicleta desconjuntada em cima da caixa dele e fomos até a casa de uma senhora cliente dele a uns 800 m dali.
Deixamos a minha bicicleta lá e seguimos com a dele (eu pedalei pois ele era baixinho e bem mais leve que eu) à procura de outro garfo.
Depois de umas três tentativas fracassadas em conhecidos na área rural, resolvemos ir até Santa Teresinha. 7 km.
Lá no povoado fiquei num comércio (casa do seu Torquato).
O rapaz foi procurar um garfo e voltou depois de uma meia hora.
Com o tal garfo voltamos à casa onde estava a minha bicicleta.
O garfo era de Monark e ficou com uma folga. Sem conseguir apertar bem, o guidão ficou rebaixado para a frente.
Quando a minha bicicleta ficou pronta para andar, eu quis pagar mas ele não aceitou.
Mesmo assim fiz ele ficar com todo o dinheiro que eu tinha (uns vinte e poucos reais).
A dona da casa serviu uma merenda e sugeriu que eu voltasse pelo Apeú.
Agradeci e fui.
Chegando à ponte em Santa Terezinha segui à direita por um ramal e andei 12 km até Apeú (muitos morrinhos).
Escureceu.
Sem luz, com o pescoço doendo por causa do guidão baixo, o acostamento cheio de buracos,meti a bicicleta na pista e pedalei com vontade.
Andei na luz dos carros.
Quando algum carro chegava muito perto eu ia para o acostamento, parava de pedalar e agüentava no braço a buraqueira.
Entrei na minha rua depois das 21h.
(no outro dia comprei um garfo novo muito bonito para o meu gosto (vinho metálico) e o mecânico Ted arranjou um garfo preto usado para trocar.
Este garfo preto -as pessoas chamavam de free-style- foi o melhor e mais resistente que usei.
Depois de mais de dez anos, com a rosca muito gasta, deixei-o numa oficina para mais alguém que quisesse usar.